Junior Barbosa |
Por Joacir
Avelino
Rui Barbosa,
o maior jurista brasileiro de todos os tempos, quando do seu famoso discurso,
conhecido como Oração aos Moços, em
1920, por ocasião da colação de grau da turma da Faculdade de Direito do Largo
do São Francisco naquele ano, revelou que advogava há cinqüenta anos, e
que iria morrer como Advogado.
Faço essa introdução,
como forma de homenagear os advogados itabaianenses, a exemplo de Júnior
Barbosa, que hoje milita em São Paulo,
mas não esquece as suas origens. Causídico recém formado, não faz cerimônia
para ninguém das dificuldades que enfrentou para conquistar o tão sonhado canudo. Fala da profissão como um
sacerdócio, diferentemente de muitos que buscam apenas levar vantagem, numa
obediência à famosa “Lei de Gérson”.
Não é nada fácil para um
novel jurista entrar num mercado de trabalho deveras saturado, principalmente
num país onde a lei nunca exprimiu a vontade da maioria. Pelo contrário. Os
legisladores buscam aprovar os anseios da minoria, das oligarquias que sempre
mandaram e desmandaram neste Brasil, de forma imoral, política e juridicamente
falando. Sobre esse tema, Rui, certa vez pronunciou: “De tanto ver triunfar as
nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a
desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Os lidadores do direito,
sem meias palavras, não raro se deparam com magistrados arrogantes com os
miseráveis e servis para com os poderosos. Esquecem que entre os Juízes de
qualquer instância e os advogados não há hierarquia nem subordinação, cabendo a
ambos a consideração e o respeito. Na prática, não é bem assim.
Ao longo da bela
carreira advocatícia, empunha-se a bandeira de luta pela justiça e liberdade,
apesar das injustiças e humilhações, da justiça tardia, mas na certeza de
um saldo
positivo para aqueles que não desistem, não se apequenam diante das
adversidades, porque o direito, ainda segundo Rui Barbosa, deve ser encarado
como meio de justiça, e quando o operador jurídico se deparar com um conflito
envolvendo o direito e a justiça, deve-se lutar pela última.
Ao profissional da
advocacia foi-lhe entregue uma única arma: a palavra – escrita ou falada. Com
ela em mãos, procura fazer a sua revolução, quer seja no tribunal do júri, nos
tribunais, nas salas de audiências, nos debates, nos memoriais, nos processos e
arrazoados, enfim, numa convivência nem
sempre pacífica e harmônica nas lides
forenses.
Ia me esquecendo. Ao
conversar com Júnior Barbosa sobre concurso público, ele de pronto disse: “se
tiver que me submeter a um concurso público, somente se for para defensoria
pública, para que possa continuar a defender os menos favorecidos”. Perfeito.
Esse é o pensamento do verdadeiro advogado. Não será um gênio, como foi Rui Barbosa, mas será, com certeza, feliz
nessa trincheira infindável entre o bem e o mal.
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