segunda-feira, 16 de março de 2015

O VERDADEIRO ADVOGADO

Junior Barbosa

Por Joacir Avelino


                   Rui Barbosa, o maior jurista brasileiro de todos os tempos, quando do seu famoso discurso, conhecido como  Oração aos Moços, em 1920, por ocasião da colação de grau da turma da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco naquele ano, revelou que advogava há cinqüenta anos, e que  iria morrer como Advogado.
                        Faço essa introdução, como forma de homenagear os advogados itabaianenses, a exemplo de Júnior Barbosa,  que hoje milita em São Paulo, mas não esquece as suas origens. Causídico recém formado, não faz cerimônia para ninguém das dificuldades que enfrentou para conquistar o tão  sonhado canudo. Fala da profissão como um sacerdócio, diferentemente de muitos que buscam apenas levar vantagem, numa obediência à famosa “Lei de Gérson”.
                        Não é nada fácil para um novel jurista entrar num mercado de trabalho deveras saturado, principalmente num país onde a lei nunca exprimiu a vontade da maioria. Pelo contrário. Os legisladores buscam aprovar os anseios da minoria, das oligarquias que sempre mandaram e desmandaram neste Brasil, de forma imoral, política e juridicamente falando. Sobre esse tema, Rui, certa vez pronunciou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
                        Os lidadores do direito, sem meias palavras, não raro se deparam com magistrados arrogantes com os miseráveis e servis para com os poderosos. Esquecem que entre os Juízes de qualquer instância e os advogados não há hierarquia nem subordinação, cabendo a ambos a consideração e o respeito. Na prática, não é bem assim.
                        Ao longo da bela carreira advocatícia, empunha-se a bandeira de luta pela justiça e liberdade, apesar das injustiças e humilhações, da justiça tardia, mas na certeza de um  saldo  positivo para aqueles que não desistem, não se apequenam diante das adversidades, porque o direito, ainda segundo Rui Barbosa, deve ser encarado como meio de justiça, e quando o operador jurídico se deparar com um conflito envolvendo o direito e a justiça, deve-se lutar pela última.
                        Ao profissional da advocacia foi-lhe entregue uma única arma: a palavra – escrita ou falada. Com ela em mãos, procura fazer a sua revolução, quer seja no tribunal do júri, nos tribunais, nas salas de audiências, nos debates, nos memoriais, nos processos e arrazoados, enfim,  numa convivência nem sempre pacífica e  harmônica nas lides forenses.

                        Ia me esquecendo. Ao conversar com Júnior Barbosa sobre concurso público, ele de pronto disse: “se tiver que me submeter a um concurso público, somente se for para defensoria pública, para que possa continuar a defender os menos favorecidos”. Perfeito. Esse é o pensamento do verdadeiro advogado. Não será um gênio, como foi  Rui Barbosa, mas será, com certeza, feliz nessa trincheira infindável entre o bem e o mal.

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