segunda-feira, 1 de abril de 2013

"Não creio em Deus, creio no Diabo"




Antigamente, morria de medo da Semana Santa. Minha vó Joaninha cobria os santos com uns panos roxos, a casinha ficava com aparência mórbida. Medo do diabo, quem não tem? O diabo é a morte, é o mal, o lado negativo das coisas, a sombra do abismo sem fim da ignorância.

Conheci um cara que costumava dizer: “não creio em Deus, eu creio no Diabo”. Como pode crer em um sem acreditar no outro? Deus e o Diabo são assim como as duas faces da mesma moeda.

Um sujeito chamado Jorginho acha que urge discutirmos mais sobre essa cultura universal chamada Deus. Até onde faz bem ou mau à humanidade? A crença num deus tão violento quanto o Deus da Bíblia reforça a banalização da violência? As religiões podem se intrometer na vida política de uma sociedade? O que está sendo feito com o dinheiro do dízimo e para onde ele vai? É correto sermos obrigados a ouvir pregações em locais públicos, como transportes coletivos, por exemplo? Existe alguma lei que proíba isso? Jorginho está atarantado com essa onda de neopentecostalismo ultraconservador que assola o país. Ele e mais alguns têm medo da construção lenta e gradual de uma sociedade dominada pela religião, como nos países comandados pelos muçulmanos ortodoxos. 

O cara que acreditava no Diabo nunca saiu por aí pregando sua fé. Se ousasse, talvez morresse trucidado pelos cristãos mais radicais, esses que queimam terreiros de umbanda e quebram estátuas de santos católicos. Até quem não crê em nada é visto como inimigo infiel pelos “talibans” evangélicos.

Marcos Ramos escreveu: “Sim, eu creio no diabo. No diabo das religiões que matam em nome de Deus. No diabo dos dogmas romanos que afastam as pobres almas do caminho. No diabo do dízimo evangélico que afasta os pobres do Altíssimo. Creio, sim, no diabo! Creio no diabo da teologia que tenta explicar o mecanismo de funcionamento da salvação. Creio no diabo da idolatria que faz homens se prostrarem diante de imagens de barro preto e fétido. Creio no diabo das regras, costumes e modas gospel das milhares de igrejas que surgem a cada dia para enriquecer espertalhões. Creio no seu diabo, que agora lendo minha exposição, se contorce de raiva demoníaca travestida de piedade e com seu pensamento vão me diz: “Coitado!”

Tenho medo de crer nesse Deus dos talibans. Não sei quais são os efeitos colaterais. Também não creio no diabo, esse “garoto propaganda” de todas as religiões. Essas entidades nos privam da liberdade com falsos valores e apegos. Só a liberdade cria.

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