quarta-feira, 24 de abril de 2013

Meu compadre Botija transformou-se em educador social


Carlos Alencastro é o primeiro, da esquerda para a direita


Os caras de minha época em Itabaiana lembram do Botija, que não é outro senão o Carlos Alencastro, rapaz tímido, e por ser acanhado, veio para o nosso grupo de teatro fazer a produção, sem aparecer no palco. Depois ganhou o oco do mundo, nunca mais tive notícias do nosso Botija.

Ontem, pelo Facebook, encontrei meu compadre velho morando em Curitiba, Paraná, há trinta anos. Já é pai de dois rapazes e uma moça, todos com vida própria, independentes, e avô de dois garotos.  Contou-me que trabalha organizando catadores de materiais recicláveis, criando associações e cooperativas para o reconhecimento e valorização do profissional que atua na linha de frente da coleta seletiva e da preservação do meio ambiente. Ele representa o Paraná na Comissão Nacional do Movimento dos Catadores de Recicláveis.

Em Itabaiana, Carlos não tem mais nenhum parente desde que dona Dasdores, sua mãe, faleceu. “Meu vínculo com a terrinha é só através do teu blog que leio diariamente e coleciono as publicações”, disse Alencastro.

Dá pra notar o sentimento de dignidade pessoal que emana das palavras do Carlos quando ele fala de sua atividade. Ele é um líder de um movimento que quer limpar o mundo e, por tabela, oferecer renda e oportunidade para uma vida decente a pessoas pobres.  Tem coisa mais apropriada pra gente chamar de politicamente correto? Um exemplo: Ronei Alves da Silva, 38 anos, é catador desde os 10 anos, hoje estudante de direito a partilhar a experiência das cooperativas de catadores por todo o Brasil, junto com Alencastro.

Meu compadre Carlos Alencastro, o Botija, deixou o velho Leão emocionado. Ou seja, satisfeito por saber que um conterrâneo anda pelo mundo transformando lixo, inclusive humano, em valores, até mesmo morais e cívicos.

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