Carlos Alencastro é o primeiro, da esquerda para a direita
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Os caras de minha época em Itabaiana lembram do Botija, que não é outro
senão o Carlos Alencastro, rapaz tímido, e por ser acanhado, veio para o nosso grupo
de teatro fazer a produção, sem aparecer no palco. Depois ganhou o oco do
mundo, nunca mais tive notícias do nosso Botija.
Ontem, pelo Facebook, encontrei meu compadre velho morando em Curitiba,
Paraná, há trinta anos. Já é pai de dois rapazes e uma moça, todos com vida
própria, independentes, e avô de dois garotos.
Contou-me que trabalha organizando catadores de materiais recicláveis,
criando associações e cooperativas para o reconhecimento e valorização do
profissional que atua na linha de frente da coleta seletiva e da preservação do
meio ambiente. Ele representa o Paraná na Comissão Nacional do Movimento dos
Catadores de Recicláveis.
Em Itabaiana, Carlos não tem mais nenhum parente desde que dona
Dasdores, sua mãe, faleceu. “Meu vínculo com a terrinha é só através do teu
blog que leio diariamente e coleciono as publicações”, disse Alencastro.
Dá pra notar o
sentimento de dignidade pessoal que emana das palavras do Carlos quando ele
fala de sua atividade. Ele é um líder de um movimento que quer limpar o mundo
e, por tabela, oferecer renda e oportunidade para uma vida decente a pessoas
pobres. Tem coisa mais apropriada pra
gente chamar de politicamente correto? Um exemplo: Ronei Alves da Silva, 38 anos,
é catador desde os 10 anos, hoje estudante de direito a partilhar a experiência
das cooperativas de catadores por todo o Brasil, junto com Alencastro.
Meu compadre
Carlos Alencastro, o Botija, deixou o velho Leão emocionado. Ou seja,
satisfeito por saber que um conterrâneo anda pelo mundo transformando lixo,
inclusive humano, em valores, até mesmo morais e cívicos.
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