Professor Severino Lourenço |
John Steinbeck escreveu que “o homem está só
no mundo, e, sozinho entre os seus irmãos, não encontra conforto em parte
alguma”. A gente se olha no espelho todo
dia e vê aquele rosto sem nenhum brilho e sem perspectiva. Outras vezes, nas
noites insones, batem aquelas indagações cruciais da existência humana: o que
estou fazendo aqui? Que missão indefinível e imponderável terei que cumprir?
Muitas vezes nosso rosto aparece entre a esperança e a desesperança no espelho.
Tem gente que pensa: preciso esclarecer o
sentido da vida. E sai por aí consumindo, arrotando grandeza, passando por cima
dos outros, debochando dos mais tímidos. Outros procuram diferenciar o homem de
um cão selvagem e constroem suas vidas numa escala de valores onde o semelhante
é a razão principal de suas ações. Essa é a atitude desse homem simples de Itabaiana,
professor Severino. Ele conquista pedaço a pedaço o direito de se olhar no
espelho e respirar um ar de satisfação pessoal por fazer sua parte. Mestre em
matemática, pensou um dia: por que não ensinar essa matéria tão ameaçadora para
os estudantes, e dar uma chance para que os jovens de minha cidadezinha pobre e
sem futuro possam sonhar em passar naquele concurso, arrumar um emprego
decente, mudar de vida, ajudar a família? Assim pensou, assim faz. Abriu um
cursinho de matemática para alunos carentes. Ensina com prazer a ciência das
regularidades, regulando seu estar no mundo pela doação do seu talento e
inteligência aos que deles necessitam.
Numa época tão marcada pelo egoísmo, pelo
descompromisso e pela futilidade, no meio de tanta gente com muita embalagem e
sem conteúdo, eu só tenho é que louvar a existência de uma pessoa assim, de bom
coração, que pratica a bondade sem interesse algum a não ser o de servir ao
seu irmão. É o que se chama atualmente
de atitude militante.
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