Suely Joventina (de azul) é neta do famoso músico popular Biu da Rabeca |
“Você é muito bonita, morena”, disse um homem à
garota bailarina do grupo “Meninas do Rio”. “Morena, não, que isso não existe.
Eu sou uma negra bonita!”, foi o que respondeu ela. Isso na comunidade
quilombola de Pedra D’água, no município de Ingá, perto da cidade de Serra
Redonda, onde o conjunto de dança foi se apresentar, comandado pela professora
Suely Joventino. Dançaram o trabalho “Salve minha Rainha Oxum”, que as meninas
aprendem a não ter pudor de louvar a cultura dos seus ancestrais, apesar do
peso centenário do preconceito.
Oxum foi apaixonada por Ogum e criou esses
passes de dança para seu amado. Essa beleza estética e a história dos orixás
foram levados para a população quilombola de Pedra D’água pelo grupo “Meninas
do Rio”, e está sempre em cena nos eventos culturais de Itabaiana, cidade que
ainda dá mostras de uma intolerância religiosa muito forte, criando uma visão
distorcida e discriminatória da cultura alheia.
A sobrinha da professora Suely Joventino
chama-se Arye e tem apenas cinco anos de idade, mas já dá os primeiros passos
na dança. A menininha é quem abre os espetáculos, vestida de Oxum, sendo
reverenciada pelas filhas de terreiro. Suely cria as coreografias e desenha os
figurinos, ensaia e busca apoio para seu grupo de dança, formado por meninas de
5 a 16 anos.
Suely ministra oficina de dança afro no Ponto
de Cultura Cantiga de Ninar, onde ensaia seu grupo de dança infantil. Ela vem
obtendo o reconhecimento da comunidade pelos seus espetáculos de revelação
cultural do povo negro – beleza, religião, dança, estética – ao ritmo do afoxé,
maracatu, frevo e capoeira.
"Meninas do Rio" dançam na comunidade quilombola de Pedra D'água |
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