domingo, 21 de abril de 2013

Poeta Yberville e o cinema de fundo de quintal

Eu com Adriana Felizardo, atriz do filme “Caminhantes”, e Marcos Veloso, assistente de direção, no seu velho Fiat Uno, no set de filmagens neste domingo. (Praça Aristides Lobo, João Pessoa) 

O poeta Zanoni Yberville é meu compadre de copo e poesia no bar de Zé, que hoje é gerenciado pelo seu filho Ivanildo porque Zé foi servir bebida no boteco do céu, ano passado. Zanoni é um cara das frases geniais quando empregna-se do precioso líquido da cevada e do lúpulo. Quando o poeta senta na minha mesa, vou logo pedindo papel e lápis para anotar os ditos do cara.

O assunto era cinema alternativo, essa mania que o pessoal tem hoje de fazer vídeos caseiros. Como eu tenho o intestino irritável, não suporto esses filmecos que postam na internet, a maioria de péssima qualidade, sem conteúdo algum. Meus compadres Marcos Veloso e Jacinto Moreno pegaram a síndrome mental do cineasta experimental. E tome vídeos, sempre naquela bitola do iniciante que se empolga com uma nova plataforma artística. Só Jacinto Moreno deve ter uns quinze filmes produzidos, onde ele atua, dirige, produz e fornece pão com manteiga para seus atores, além de ponche de manga. Marcos Veloso entra com o transporte, carregando a troupe no seu velho Fiat Uno. Eu participo das empreitadas cinematográficas dos meus amigos, liberando a câmera e outros equipamentos do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.

Pois bem, estava eu dialogando com Yberville sobre cinema, sendo que nem eu nem o poeta entendemos nada do assunto. Em mesa de bar temos a liberdade de opinar sobre tudo e todos, como diz a canção de Gonzaguinha: “Mesa de bar, o lugar para tudo que é papo da vida rolar, do futebol até a danada da tal da inflação, é coração, fantasia e realidade, é o ideal, paraíso adonde nós fica à vontade”. Os meninos fazem filmes realistas sobre violência contra a mulher, menor abandonado, maior mais abandonado ainda e outros temas sociais. Não gosto da maneira como fazem os vídeos, muito acanhados na sua costura discursiva enquanto linguagem cinematográfica. Mas são iniciantes, ainda têm muita estrada a percorrer nesta linguagem artística.

Sem entrar no mérito do modus operandi técnico, estético e narrativo dos filmes de Jacinto, seus projetos na área servem como um prelúdio para futuras obras mais consistentes. Marcos Veloso, por exemplo, deixa transparecer que em breve irá brotar suas próprias liberdades criativas na produção cinematográfica independente. Entretanto, o que eu quero registrar é a frase que anotei, do poeta Zanoni, sobre esse negócio de criação artística: “Em arte, não importa o sotaque, o instrumento ou a época; o que importa mesmo, camarada, é o jeito de fazer”.  

Sim, e Jacinto manda avisar que seu novo filme, “Caminhantes”, já está em fase de edição para lançamento em breve.


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