Eu com Adriana Felizardo, atriz do filme “Caminhantes”, e
Marcos Veloso, assistente de direção, no seu velho Fiat Uno, no set de filmagens neste domingo. (Praça
Aristides Lobo, João Pessoa)
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O poeta Zanoni Yberville é meu compadre de copo e
poesia no bar de Zé, que hoje é gerenciado pelo seu filho Ivanildo porque Zé
foi servir bebida no boteco do céu, ano passado. Zanoni é um cara das frases
geniais quando empregna-se do precioso líquido da cevada e do lúpulo. Quando o
poeta senta na minha mesa, vou logo pedindo papel e lápis para anotar os ditos
do cara.
O assunto era cinema alternativo, essa mania que o
pessoal tem hoje de fazer vídeos caseiros. Como eu tenho o intestino irritável,
não suporto esses filmecos que postam na internet, a maioria de péssima
qualidade, sem conteúdo algum. Meus compadres Marcos Veloso e Jacinto Moreno
pegaram a síndrome mental do cineasta experimental. E tome vídeos, sempre
naquela bitola do iniciante que se empolga com uma nova plataforma artística.
Só Jacinto Moreno deve ter uns quinze filmes produzidos, onde ele atua, dirige,
produz e fornece pão com manteiga para seus atores, além de ponche de manga.
Marcos Veloso entra com o transporte, carregando a troupe no seu velho Fiat
Uno. Eu participo das empreitadas cinematográficas dos meus amigos, liberando a
câmera e outros equipamentos do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.
Pois bem, estava eu dialogando com Yberville sobre cinema,
sendo que nem eu nem o poeta entendemos nada do assunto. Em mesa de bar temos a
liberdade de opinar sobre tudo e todos, como diz a canção de Gonzaguinha: “Mesa
de bar, o lugar para tudo que é papo da vida rolar, do futebol até a danada da
tal da inflação, é coração, fantasia e realidade, é o ideal, paraíso adonde nós
fica à vontade”. Os meninos fazem filmes realistas sobre violência contra a
mulher, menor abandonado, maior mais abandonado ainda e outros temas sociais.
Não gosto da maneira como fazem os vídeos, muito acanhados na sua costura
discursiva enquanto linguagem cinematográfica. Mas são iniciantes, ainda têm
muita estrada a percorrer nesta linguagem artística.
Sem entrar no mérito do modus
operandi técnico, estético e narrativo dos filmes de Jacinto,
seus projetos na área servem como um prelúdio para futuras obras mais
consistentes. Marcos Veloso, por exemplo, deixa transparecer que em breve irá
brotar suas próprias liberdades criativas na produção cinematográfica
independente. Entretanto, o que eu quero registrar é a frase que anotei, do poeta
Zanoni, sobre esse negócio de criação artística: “Em arte, não importa o
sotaque, o instrumento ou a época; o que importa mesmo, camarada, é o jeito de
fazer”.
Sim, e Jacinto manda avisar que seu novo filme,
“Caminhantes”, já está em fase de edição para lançamento em breve.
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