segunda-feira, 22 de abril de 2013

Em resposta ao “pepino federal”, plantei um pé de Felícia



“Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador - Charles Chaplin)


Felícia é um gênero botânico, plantinha que gosta de terras úmidas, com florzinhas raio de cor azul e disco amarelo. Plantei um exemplar de Felícia no meu pobre jardim, viveiro de formigas e ervas daninhas. A Felícia promete crescer e lançar os alicerces de suas raízes terra a dentro, sem incomodar as estruturas da casa. Eu me proponho a regar a plantinha e acompanhar sua evolução, deitando raízes no Jardim Glória, para honra e glória da beleza e da sofisticação natural.
Numa época em que os defensores dos direitos humanos quedam-se estupefactos (sempre quis usar essa palavrinha) com a arrogância fundamentalista de um certo Feliciano, fundo meu vegetal na terra para aí enraizar, salvando a etimologia da palavra de origem latina derivada de feliz. Minha Felícia, resoluta e confiante no poder da criação e da beleza natural, vai crescer indiferente às infelicianeidades ultrajantes à existência humana cordial e afável.
As flores da Felícia se parecem com as margaridas, com pétalas azuis violáceas e um coração amarelo brilhante. Desejo semear minha Felícia em outro jardim, para manter a chama de velhas emoções desalentadas pelos desencontros desta vida, para fincar o marco onde a cor azul das florzinhas felicianas lembrará sempre, dia a dia, que aquela semeadura jamais será efêmera e fugaz, continuará segura e estável pela vida afora, até a extinção da última semente.
Não esquecerei de regar minha rosa vermelha brotada em janeiro, porque o jardineiro é excêntrico. Sigo plantando no meu jardim aquelas flores que se alimentam do lúdico, daquilo que não se pode ver.
Que siga minha Felícia florescendo com exuberância, venturosa e feliz, fresca e viçosa, símbolo da amizade, afeição, carinho e ternura do velho jardineiro em pleno esplendor de um quase sexagenário ainda aspirando o aroma da fé na vida.  

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