segunda-feira, 14 de julho de 2014

Regime


Eu e minha barriga de bezerro enjeitado, caminhando com esse meu novo olhar de vaca laçada, balançado a papada de teju, com saudade da coalhada e do beiju, o coração apertado com vontade de mel de abelha e olhando à distância minha galinha torrada e o feijãozinho branco com carne de jabá no capricho.

Agora, é um festival de salada de alface (odeio!), brócolis cozido, chá verde, hortelã, melancia (quero saber quem inventou pra mandar matar!), semente de linhaça e umas folhinhas estranhas enfeitando meu sonho penoso de perder cerca de 10 quilos a fim de driblar o colesterol. Já troquei o pão pela tapioca que tem metade das calorias e sem glúten. Sem esquecer das maçãs e uvas, laranja, mamão e abacaxi na salada com granola.

Essa religião tem nome e se chama macrobiótica. “Alma sã em corpo são” é sua doutrina, desenvolver nosso potencial humano é sua promessa de céu na terra. Os fiéis devem seguir as leis da natureza do ponto de vista biológico, através da alimentação. Eu, pessoa de pouca fé, não me encaixo nesse elo da vasta cadeia de seres e fenômenos. Quero apenas uma ligeira reeducação alimentar para controlar as taxas do colesterol.

Sem dentada não há amor, segundo o profeta maldito Nelson Rodrigues, e sem sacrifício não se derrete a banha. No banquete da vida, chegou o momento de jogar no lixo as proteínas. Nada de alimentos energéticos. É hora dos alimentos reguladores e construtores. A palavra de ordem agora é reconstruir o edifício obstruído, deixando de lado o leite, carne, chocolate, batata frita, salsicha e massas. Que venham castanha, alho, cebola, peixe, soja, azeite de oliva, e fazer atividade física três vezes por semana.

Na capacidade de se reciclar e mudar os costumes está a ideia do progresso humano. Custa nada tentar, né? E tendo ao lado um estímulo, vou é matar o sedentarismo pelo menos meia hora por dia. Que espécie de incentivo? Digamos que belas paisagens humanas. É um avanço. Quando era garoto, gastava as energias jogando futebol com os moleques na beira do rio debaixo do sol a pino, uma espécie de aula de sobrevivência na selva porque a gente passava fome, frio e calor e ainda tinha que conviver com animais tipo jumentos no cio, escorpiões, cobras, cachorros, muriçocas e baratas d'água.

E ainda tem aquela fome de bola que a Copa não matou. Esse alimento eu posso consumir sem moderação, e vamos que vamos que o Galo é campeão! (Faz tempo, meu irmão!)


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