Examinando o violão Folk, presente do mestre Pedro Osmar |
Googleando receitas e tratamentos para inflamação nas
juntas. Tentando ler livro de contos temáticos sobre a roupa de D. Pedro, o
Imperador que comia as mulheres, mas não mexia com as partes pudendas da Nação.
Mexendo nos arquivos mortos, onde desencavei um soneto do meu pai sobre a morte
de minha vó.
***
Estudando lances de rádio popular para alinhavar plano de
aula, promovido a professor que fui pelo compadre Dalmo. Achando uma merda esse
lance de falta de mobilidade. Pedindo ao compadre Marcos Veloso para pegar o
violão Folk de Pedro Osmar, doado ao Ponto de Cultura. Uma relíquia, do tempo
do movimento musical e poético Jaguaribe Carne, onde nasceram feras como
Adeildo Vieira e Chico Cesar.
***
Pensando na produção da peça “Zebra do primeiro ao
quinto”. Comendo castanhas e amendoins, bebendo chá de canela, gengibre, chá
verde e hortelã. Sofrendo com duas horas de aplicação de argila e ervas
medicinais nos joelhos com artrose, e vendo o jogo do Náutico, isto é, sofrendo
duas vezes.
***
Testando bengala de alumínio
ajustável para necessidades de locomoção. Juntando tralhas, roupas velhas e
calçados idem para o rapaz do reciclado, tentando evitar aquela sensação de
perda ao ver meu velho blusão de general sair pela porta afora, como enjeitado.
Querendo que tivesse rompido os ligamentos do joelho, em vez desse desgaste
degenerativo das articulações. Ansiedade no grau médio.
***
Impacientando-se até o limite do
improvável. Acordando às quatro da madrugada para conferir a hora, despertando
de recorrentes sonhos ferroviários. Perdendo a cadência da vida pela falta de
mobilidade. Definhando a cabeça e crescendo a barriga. Voltado a sonhar
paisagens inacessíveis e rimas irrealizáveis. Tomando o veneno homeopático da
deprê.
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