Vista aérea do bairro de Jaguaribe, em João Pessoa |
Meu compadre Pedro Osmar apareceu um dia em minha casa
com o professor Idalmo da Silva a tiracolo, pretendendo fazer um documentário
sobre o bairro de Jaguaribe, onde moramos. Já haviam filmado depoimentos do mendigo
Chinelo, figura folclórica do bairro, o Bem-te-vi, dona Isabel, mãe de Pedro, o
pessoal da esquina de Mereré e Humberto Coutinho, o Zumba, do bloco Piratas de
Jaguaribe. Isso faz mais de oito anos. Já foram para o andar de cima Chinelo e
Zumba, e nada de sair o filme de Pedro. Tou vendo a hora eu mesmo viajar para
comer capim pela raiz sem ver o documentário sobre as figuras do lugar onde
moro há mais de 14 anos, e que tem por título “Jaguaribe em pessoas”.
Conversando com Pedro Osmar, assumi o compromisso de
levar o material para Jacinto Moreno, especialista em montar produções em vídeo.
Imortalizar de vez o poeta, músico, artista plástico, agitador cultural e agora
videasta Pedro Osmar, orgulho de Jaguaribe.
Aliás, Pedro é muito conhecido no bairro, as pessoas têm
um carinho especial por essa figura. Se você observar bem, Pedro Osmar tem a
cara de Jaguaribe: despojado, amigo, sem frescuras, sem enquadramentos banais
de aparência. Pedro é um cara que, aparentemente, se parece com o sujeito
comum, sendo que é um criador genial. Bermuda, camiseta, bolsa a tiracolo,
barba emaranhada, chinelos, tez morena, enfim, Pedro tem tudo para ser uma
figura suspeita perante a autoridade policial. Suspeito de que? Simplesmente
suspeito. Pobre com cara de pobre e roupa de pobre é sempre suspeito.
Outro dia, faz tempo, eu estava bebendo no bar de Zé
quando Pedro Osmar passou com seu andar apressado, sem olhar pros lados. Essa
outra personagem de Jaguaribe, o velho Zé do bar, que já foi pro andar de cima
sem ter prestado depoimento no filme de Pedro, assim comentou sobre o poeta:
--- Lá vai Pedro Osmar todo mequetrefe. Num ta vendo que
eu não queria ser um cantor famoso, um cara inteligente, pra andar feito um
flagelado!
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