Daciano Alves |
Desde o final do século XIX a vida
operária no Brasil era muito precária; o operariado enfrentava a vida entre as
péssimas condições de trabalho e as difíceis condições de habitação. Grande parte
dos operários que lutavam por melhores condições de vida e de trabalho no
início do século XX no Brasil eram migrantes nascidos na Europa, principalmente
italianos, que traziam na consciência alguns conhecimentos políticos.
Com grande impulso nos primeiros anos do
século, em 1906 foi organizado o Congresso Operário que deu origem à
“Confederação Operária Brasileira – COB”. Desta forma, o movimento político e
sindical dos trabalhadores estava sob os ideais anarco-sindicalistas. Movimento
este que perdurou aproximadamente até 1920. Sendo que um dos principais
instrumentos de organização social das várias correntes anarquistas eram os
jornais impressos e principalmente o apoio na arte teatral.
Nesse caso, o teatro era uma arma
estritamente política. Em suas encenações combinava peças clássicas de teatro
libertário europeu, dramatizando o cotidiano dos trabalhadores e enfatizando
seu papel na sociedade capitalista.
Foi especificamente em função daquele
congresso que se começou a criar no Brasil uma série de associações que ficaram
mais conhecidas como “União Operária”. Para se ter uma idéia basta dizer que
desde o início do século até o ano de 1922 foram fundadas aproximadamente
noventa e nove Uniões Operárias em todo o território nacional.
As
Uniões Operárias foram desde fins do século XIX se proliferando e nas primeiras
décadas do século XX já havia muitas sociedades operárias no Brasil,
principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, em função das
emergentes indústrias que iam surgindo nessas regiões. Essas sociedades
promoviam espetáculos lítero-musicais, encenavam peças e promoviam conferências
sobre temas relacionados à vida cotidiana de sua clientela.
O próprio teatro era tido como uma das
principais armas da luta operária, pois que seu objetivo era apresentar temas
que fossem comprometidos com a realidade do grupo, enaltecendo a capacidade que
o homem tem de transformar o mundo. Teoria esta que estava sendo estudada e
desenvolvida em função das pesquisas e investigações sobre o teatro dialético
do alemão Bertolt Brecht.
Essas sociedades operárias tinham raízes
anarquistas e possuíam sempre um meio impresso de divulgação de sua ideologia
política. Jornais que eram denominados como “A Época” no Rio de Janeiro; e “A
Lanterna” e “Echo Operário” em João Pessoa.
Nesse período a cidade de Itabaiana
possuía o “Curtume Santo Antonio” que concentrava grande parte de operários do
município e exportava seus produtos para outras cidades do Brasil e alguns
países da América Latina. Com sua famosa fábrica de curtir couros Itabaiana não
podia ficar de fora desse rol daquelas cidades brasileiras e também fundou a
sua “União de Artistas e Operários”.
É certo que a implantação da ferrovia em
1901 paralelamente à instalação do Curtume Santo Antonio nesse período, foram
os principais fatores que fizeram o grande desenvolvimento da cidade de
Itabaiana nas primeiras décadas do século XX. Os últimos quatro presidentes da
União de Artistas e Operários de Itabaiana foram: Daciano Alves de Lima, José
Batista, Manoel Leite de Melo (Neco Frizo) e o comerciante, Herbert de
Oliveira.
(Do livro "Itabayanna - entre fatos e fotos - de Romualdo Palhano)
Nenhum comentário:
Postar um comentário