Quem fez vestibular na
Universidade Estadual da Paraíba conhece o romance “Ciço de Luzia”, obra do meu
estimado compadre Efigênio Moura, um cabra caririzeiro, nascido em Monteiro,
vizinho ao meu Pernambuco. O livro fez parte do vestibular. Radialista e
publicitário de formação, Efigênio trabalhou em Itabaiana por um bom tempo,
emprestado seu talento à comunicação da terra de Aracílio Araújo, “a máquina de
fazer forró”.
Ontem, comprei meu
exemplar e li de uma assentada só. É uma estória de amor sertanejo, de um cabra
que gosta da filha do patrão fazendeiro, tudo narrado no linguajar “sertanês”.
É o segundo livro de Efigênio que eu leio. Antes, gostei do “Eita gota”,
excelente roteiro para um filme, coisa fina em matéria de criatividade a partir
do linguajar e da cultura paraibana. No livro, o carro alternativo passa por 13
cidades, a partir do litoral até os confins dos sertões da Paraíba, carregado
de humor e sabor regional.
O caso é que temos sinal
de tambor na floresta de nossa literatura, anunciando um valor inconteste de
narrador e ficcionista. É um profeta das letras, atendendo ao apelo: “não me
deixeis cair na mediocridade geral”. Regionalismo rimando com qualidade
literária e invencionice de primeira linha, aliás, da primeira à última linha
de texto. No mapa imaginário que Efigênio carrega no bolso de sua literatura, o
sertão paraibano dá caldo para enredos tão românticos e profundos em sua
humanidade quanto os que se vê na literatura urbana e seus arrotos de
superioridade vazia, ou mais.
Só tenho uma coisa a
escrever após terminar de ler o “Ciço de Luzia”: que livro fela da gaita!
***
Aqui, uma pausa para
lamentação: morreu João Ubaldo Ribeiro, baiano que escrevia como um fela da
gaita. Li dele “Sargento Getúlio, “Viva o povo brasileiro”, “O sorriso do
lagarto”, “A casa do Buda ditoso” e “O conselheiro come”. Povo brasileiro e sua
literatura estão de luto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário