Em 1881
a Lei Provincial número 723, de 1º de outubro, eleva o povoado à condição de
Vila com o nome de Itabaiana do Pilar. Sua elevação à categoria de cidade data
de 1891, através do Decreto estadual número 63, de 26 de março conservando-lhe
a primitiva denominação.
O nome do município gira em torno de duas
hipóteses: para alguns é simplesmente Tabaiana,
vocábulo indígena Taba-anga, que
significa morada das almas, enquanto outros registram Itabaiana, Ita (pedra) - baiana (que dança), alusivo a uma pedra outrora existente no leito
do rio Paraíba e que fazia movimentos ao sabor da força das águas como se fosse
uma verdadeira coreografia.
Seu desenvolvimento inicial se deu na
pecuária e agricultura. O município passa a ser mais conhecido e mais
desenvolvido economicamente a partir de 1864, ano de criação de sua feira de
gado, que atraía centenas de comerciantes e compradores vindos do Rio Grande do
Norte e principalmente de Pernambuco. Até que aparecessem as estradas de
rodagem e os automóveis, ficou conhecida como a maior feira de gado do Estado.
Itabaiana teve participação efetiva nos
movimentos revolucionários de 1817, 1824 e 1848. Mas foi em 24 de Maio de 1824
um dos combates mais sangrentos que aconteceu no Riacho das Pedras, entre as
forças legalistas do Presidente Felipe Nery sob o comando do Coronel Estevão
Carneiro da Cunha e os republicanos revoltosos da Confederação do Equador,
comandados por Félix Antônio. Batalha esta que se travou por quatro horas e com
a participação de aproximadamente três mil e quinhentos homens.
A Confederação do Equador foi um movimento
revolucionário republicano proclamado por Paes Andrade, que se estendia desde a
Bahia até o Pará. Nesse sentido a cidade de Itabaiana sempre comemorava o dia
24 de Maio com diversas festividades.
Desde 1909 que a cidade vinha realizando
a “Festa das Árvores” anualmente no dia 24 de Maio em comemoração à batalha
ocorrida no Riacho das Pedras em 1824. Era nessa festa que todos os colégios
aglomeravam seus alunos para plantar árvores em vários pontos da cidade. Em
função dessa calorosa programação a cidade passou a ser a mais arborizada do
Estado.
Nas duas primeiras décadas do século XX,
Itabaiana teve a honra de redigir os melhores semanários do Estado: “O
Município” em 1908; “O Anthélio” em 1912; “Gazeta da Manhã” em 1914; e “O
Jornal” em 1915. “A Notícia”; “Correio da Semana”; “O Dia” e “A Folha”, foram
outros jornais que circularam na cidade. “A Tribuna” é o jornal que atualmente
circula naquele município.
Em 1914 foi inaugurado o sistema de
transporte de Bondes puxados a burro, no governo de Dr. Germiniano Jurema
Filho. Relativo aos bondes que circulavam na cidade, os mesmos ficaram gravados
na poesia “Boa Noite Paraíba” do conhecido poeta Zé da Luz, no seu famoso livro
“Brasil Caboclo e O Sertão em Carne e Osso:
E as festa da Cunceição?
Noite de festa! Ano Bom”!
Noite de Rêis! Qui Sodade!
O bondinho puxado a burro
Correndo pêla cidade.
No início do século XX, como tantas
outras, a cidade de Itabaiana também se beneficia com a implantação da estrada
de ferro que foi inaugurada no ano de 1901. É o trem que traz o progresso para
Itabaiana.
Nesse mesmo ano o “Curtume Santo Antonio”
é instalado na cidade e torna-se a principal indústria de couro da Paraíba. Em
função da sua gigantesca estrutura, em curto período de tempo passa a exportar
para vários países da America Latina aglomerando em seu entorno dezenas de
operários. O “Jornal A União, Anno XXIV, número 126, página 2, Parahyba,
Sabbado, de 10 de junho de 1916” refere-se ao seu operariado quando diz que:
Na fábrica “Santo Antonio” que produz
cento e tantas pelles diárias trabalham permanentemente 80 homens, distribuídos
nas suas diversas secções: pellagem, cortume atanino, espichagem, raspagem,
tinturaria, graneamento e embalagem. A machina motriz é de força de 90
cavallos.
1.1. O Curtume Santo Antonio
Em 1901, paralelamente à implantação da
malha ferroviária, inaugura-se em Itabaiana, um importante estabelecimento
modelo, de beneficiamento de couros, que é a fábrica ‘Santo Antonio’.
O ‘Curtume Santo Antonio’ fundado em 1901
era de propriedade dos senhores Firmino de Souza, seu fundador e do seu sócio
Seraphim Braga que constituíram a “Firma Firmino e Companhia”. Cuja empresa
passou a explorar a partir dessa data o beneficiamento de couro em escala
industrial, o que existia até então na Paraíba, de modo rotineiro e rudimentar.
Sendo instalado no antigo lugar
Pernambuquinho que depois passou a ser Praça da Indústria, esse importante
empório industrial constituiu-se num valoroso fator de desenvolvimento do
município.
A princípio acanhado e modesto, em 1916 já
possuía algumas dezenas de casas ocupadas por operários da própria fábrica.
Nesse ano já exportava seus produtos para todos os Estados do Brasil, sendo que
um de seus clientes mais preferidos era fábrica de calçados Rocha, de São
Paulo.
Seu espaço físico já comportava ares de
grande indústria. O “Jornal A União, Anno XXIV, número 126, página 2, Parahyba,
Sabbado, de 10 de junho de 1916” fala da expansão do seu espaço físico.
A alludida fabrica que benificia o couro
de boi, carneiro e cabra, imita a pellica, occupa um vasto prédio de 17 portas
de frente, onde se acham installados o escriptório e várias daquellas secções,
além de grandes armazéns, para o depósito de materiaes.
Em função do seu crescente
desenvolvimento, em 1908 o Curtume Santo Antonio investe pesadamente em novas tecnologias
e novas máquinas que são adquiridas na Alemanha. O “Jornal A União, Anno XXIV,
número 126, página 2, Parahyba, Sabbado, de 10 de junho de 1916” nos revela
que:
Além duma bomba de ar quente a questionada
fábrica emprega actualmente quatro machinas: uma para cortar casca de angico,
duas para lustrar couros e uma de os espichar, conservados todos cuidadosamente
revelando o mesmo asseio que se nota em todos os seus departamentos.
Com o advento da primeira Guerra Mundial
os proprietários tentam tirar proveito da situação por que passava a Europa e
buscaram negociar vendas de sua indústria a diversos mercados europeus. É o que
observa no jornal acima citado.
Os Srs. Firmino & Cº., concorreram com
amostras de seus produtos a três certamens internacionaes, o Rio, Turim e
Bruxellas. Nas duas primeiras foram-lhe conferidos respectivamente grande
premio e medalha de prata, faltando o resultado do último.
Em função do movimento que alcançou em
suas vendas, no ano de 1915 atingiu em sua entrada financeira a soma total em
réis, de 2.349:359$340. Além de sucedido estabelecimento industrial, o “Curtume
Santo Antonio de Itabaiana”, passou a constar na lista turística de visitas
daqueles que viajavam ao interior.
Sendo inclusive visitado várias vezes pelo
Presidente do Estado, Sr. Antonio Pessoa e sua comitiva presidencial, como
registra o “Jornal A Notícia, Anno II, número 20, página 1, Parahyba do Norte,
Quarta-feira, de 26 de janeiro de 1916”:
A comitiva percorreu todas as secções, assistindo
aos trabalhos a vapor e manuaes, o cortume e a subdivisão das pelles para a
extracção da flor que dá a vaqueta, o polimento; a tinturaria, o pateo de
seccar, os armazém, o escriptório, etc.
O Sr. Presidente do Estado muito bem se
impressionou com o estabelecimento industrial dos Srs. Firmino & Cia., cuja
movimentação, vida operária e desenvolvimento exportador, é uma brilhante prova
do quanto pode a vontade firme e o trabalho bem rumado para Victória certa da
vida.
No final da referida visita o Presidente
do Estado Coronel Antonio Pessoa, felicitou os sócios do Curtume Santo Antonio
agradecendo ainda aquela visita que foi realizada em bonde especial cedido pelo
senhor Coronel Francisco Rezende, proprietário da então Empresa de Transportes
Urbanos de Itabaiana.
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