São remotas as chances deste velho
Leão aparecer na telinha, no programa “Alô comunidade na TV” que a turma da
Rádio Zumbi quer produzir para passar nas televisões públicas daqui da Paraíba
do Norte. Na improvisação da equipe, fiquei sendo o diretor, que é aquele cara
que fica dando ordens pra lá e pra cá, fingindo entender do riscado. Stanislaw
Ponte Preta, inimigo declarado da TV, já dizia: “na televisão brasileira, o
sujeito que não sabe fazer nada acaba sendo diretor.”
Segunda-feira, portanto amanhã, é
meu teste de fogo. A equipe vai a Pilar tentar fazer umas reportagens com um
boi de carnaval, um locutor de rádio de pilha, um boi tungão e um
mata-mosquitos. Os inconsequentes membros da tal equipe de televisão feita nas
coxas não fizeram nenhuma reunião de pauta, acreditam no jeitinho brasileirinho
e malandrinho de resolver os pepinos de última hora, como a falta de bateria
para a câmera ou a ausência de um ou outro componente da troupe, que nas
segundas-feiras é comum algum de nós quedar-se abatido por uma ressaca aparentemente
incurável.
Meu compadre Beto Palhano figura na
ficha técnica como contra-regra, pelo único motivo do mesmo ser contra qualquer
coisa. Marcos Veloso é o cinegrafista, devidamente paramentado com seu capacete
anti-rojão que ninguém sabe do destino. Pode ser que alguém queira imitar os
manifestantes de São Paulo e tacar fogo na cabeça do cara da câmera, que vocês
sabem o espírito de imitação do brasileiro. Dalmo Oliveira trabalha de
repórter, sendo o único da turma com diploma de jornalista que sabe falar e
escrever, um fenômeno.
Certamente não vamos engrossar os
relatórios do IBOPE com esse programa, mesmo porque as TVs onde teremos espaço
são menos vistas do que orelha de freira. Mas que vai ser bom, isso vai. Fazer
um programa de TV artesanal, com liberdade para, por exemplo, botar meu
considerado locutor Sílvio Lixo pra falar um monte de besteiras enquanto
Jacinto Moreno faz a mágica dele de fabricar cinema sem dinheiro, inconsequência
bastante para assumir o posto de produtor do programa.
Nossa reunião de pauta está marcada
para este domingo no Bar “Sonho das 1.001 moscas”, na latrina pública geral e
irrestrita que atende por mercado público do Geisel, com licença da palavra.
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