O General Fábio Mozart, do Alto Comando das Forças Momescas, decreta o Ato Institucional do Carnaval, instrumento que lhe dá plenos poderes para legitimar e legalizar todo e qualquer ato fora dos padrões normais nas relações humanas e na sociedade.
DETERMINAÇÃO
1) Ficam suspensos por três dias os direitos das esposas
e/ou namoradas, bem como seus equivalentes do outro sexo, de exigir
pontualidade, fidelidade, abstinência alcoólica ou de outras drogas mais ou
menos ilegais, fazendo também vistas grossas a eventuais desvios de conduta e
libertinagens, tais como o uso de roupas e acessórios femininos por seus
respectivos machos;
2) Como uma prática religiosa ligada à fertilidade, o
carnaval é uma espécie de culto ao sexo, entretanto, devido à necessidade de
controle populacional e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, fica
terminantemente proibida a prática do coito sem o uso correto de preservativos;
3) Pela benevolência dos deuses, fica decretado também
que todo ato louco e de zombaria será permitido, sob o comando de Baco, deus do
vinho, Dionísio, deus da loucura e Momo, deus da safadeza;
4) Fica designada a esotérica Madame Preciosa como Rainha
do Carnaval para representar a folia, e durante os três dias da festividade
será tratada como alta autoridade local, sendo-lhe devida saudação que consiste
em beijo nas suas partes genitais, sendo ela a anfitriã de toda a orgia;
5) Para servir de símbolo de excesso de mentira,
corrupção e descaramento, fica escolhido como Rei Momo o prefeito de sua
cidade, sendo que, após o carnaval, será ele sacrificado no altar de Saturno
para o bem da coletividade;
6) Fica liberado o costume pagão de criticar livremente
as autoridades de plantão, como forma de “válvula de escape” diante das
exigências da lei, da safadeza do mercado financeiro, da corrupção política, da
falta de vergonha na cara dos governantes e das restrições desnaturadas das
religiões;
7) Ficam todos, enfim, liberados para se esbaldar em
comidas, festas, bebidas e fornicações, como nas sociedades antigas;
8) Fica, também, suspensa a identidade cristã, podendo o
cidadão/cidadã se entregar aos costumes pagãos na festa dos loucos, passando
tudo a ser permitido, abolindo-se todo constrangimento social e religioso;
9) Fica liberado o anonimato, podendo o folião se
disfarçar com fantasia de Ala Ursa, Boi de Reis, Palhaço ou qualquer papangu
para se entregar às libertinagens;
10) Fica assim regulamentado o direito do cidadão cagar
na cabeça do sagrado e mijar nos códigos que regulamentam a vida das pessoas,
liberando-as dos medos e da ética cristã, passando a se mover o mundo numa
perspectiva carnavalesca, ou seja, só não vale um dedo no fiofó e outro na boca
e depois trocar de dedo.
11) Portanto, fica a sociedade liberada para fazer sua
própria prostituição, apoiada e financiada pelo Estado, porque nos demais dias
do ano ocorre o contrário: a prostituição oficial é que é financiada pelo
cidadão.
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