Josáfá fazendo dupla comigo no baião de viola |
Ontem,
sexta-feira, estive em Itabaiana para participar da Feira de Livros do Ponto de
Cultura Cantiga de Ninar em homenagem ao centenário do itabaianense Ministro
Abelardo Jurema. Por lá passaram estudantes, professores, poetas, escritores,
garotos alunos do curso de violão e até quem nunca leu um livro na vida, como
meu amigo Josafá. Ele era um garoto problema, metido com coisas ruins, até que
foi encaminhado ao Ponto de Cultura Cantiga de Ninar pelo Conselho Tutelar da
cidade e lá botou-se pra sonhar em ser um artista, um homem de bem, faz o curso
de violão e recebe o carinho de todos, como pessoa cordata que é.
Josafá
me pediu pra escrever sobre ele. “Fábio, bote meu nome na internet e diga
assim: ‘Um garoto sonhador’”. Ele se vê como alguém que ainda acredita que pode
realizar sonhos de ser uma pessoa aceita pela sociedade, sem ser vítima de
preconceitos, com chance para ter um futuro. Pena que não vai poder, agora, ler
o que pediu para escrever para ele. Josafá é analfabeto. Sem saber os mistérios
da educação formal, ele nos dá algumas lições de vida. Pensei no verso de Chico
Cesar: “A cigana analfabeta lendo a mão de Paulo Freire”. A primeira e grande lição:
“Não faça como a jornalista Rachel Sherazade, não vá logo descendo a ripa sem
piedade no lombo dos miseráveis e deserdados da terra, mas antes acredite nas
pessoas e dê uma chance a você mesmo de superar seus preconceitos e seus ódios
de classe.”
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