sábado, 15 de fevereiro de 2014

Josafá quer uma matéria sobre ele aqui na Toca


Josáfá fazendo dupla comigo no baião de viola


Ontem, sexta-feira, estive em Itabaiana para participar da Feira de Livros do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar em homenagem ao centenário do itabaianense Ministro Abelardo Jurema. Por lá passaram estudantes, professores, poetas, escritores, garotos alunos do curso de violão e até quem nunca leu um livro na vida, como meu amigo Josafá. Ele era um garoto problema, metido com coisas ruins, até que foi encaminhado ao Ponto de Cultura Cantiga de Ninar pelo Conselho Tutelar da cidade e lá botou-se pra sonhar em ser um artista, um homem de bem, faz o curso de violão e recebe o carinho de todos, como pessoa cordata que é.

Josafá me pediu pra escrever sobre ele. “Fábio, bote meu nome na internet e diga assim: ‘Um garoto sonhador’”. Ele se vê como alguém que ainda acredita que pode realizar sonhos de ser uma pessoa aceita pela sociedade, sem ser vítima de preconceitos, com chance para ter um futuro. Pena que não vai poder, agora, ler o que pediu para escrever para ele. Josafá é analfabeto. Sem saber os mistérios da educação formal, ele nos dá algumas lições de vida. Pensei no verso de Chico Cesar: “A cigana analfabeta lendo a mão de Paulo Freire”. A primeira e grande lição: “Não faça como a jornalista Rachel Sherazade, não vá logo descendo a ripa sem piedade no lombo dos miseráveis e deserdados da terra, mas antes acredite nas pessoas e dê uma chance a você mesmo de superar seus preconceitos e seus ódios de classe.”

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