Arte de Jandira
Lucena para a capa do meu livro
“Balada do cavalo Mamão seu cavaleiro andante”
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Quem lê alguma coisa na república bananeira
cínica sindicalista socialista das elites reunidas? Quase ninguém. Mesmo assim,
todo dia saem poetas de suas casas com seus originais debaixo do braço para
tentar publicar. Às vezes conseguem. Jogam na internet, fazem cópias para
distribuir, poetas vagabundos como eu, poetas crentes como Antonio Costta,
poetas estilo “testemunha de Jeová”, daqueles que vendem seus livrinhos de
porta em porta, enfim, esses artistas da palavra são abundantes, mas o mistério
continua lá: quem lê poesia?
Para escrever poesia, é preciso ler poesia e saber onde se
encontra a essência dessa forma de expressão. Muitos confrades não ligam pra
isso. Têm a certeza de que nasceram com esse dom de formar imagens com palavras
e danam-se a escrever seus lirismos, suas dores, seus amores e seu orgulho de
poeta. Enchem o peito ao ouvirem: “ali vai um poeta”. No entanto, a
espontaneidade do artista da palavra se acaba quando é na hora de distribuir
sua obra. Não se vende poesia nas livrarias. A única forma poética engolida com
prazer pelo povão é a literatura de cordel, mas isso mesmo saiu de moda há
tempos.
Escrevi um livrinho de poemas em
1998 chamado “Pátria armada”. Levei exatos dez anos para desovar os 500
exemplares. Essa arte de linguagem é mesmo ruim de passar adiante. Faltam-nos
leitores até mesmo na família. Meus filhos, por exemplo, jamais abriram um
livro meu. E olhe que, no meu livrinho, fiz um poema em homenagem à filha
única. Mas é isso mesmo. Como diz o outro, a poesia é uma arte da solidão. O
criador e sua cria, suas palavras e intenções devem ficar mesmo num círculo
restrito, tenha ou não qualidade literária. A poesia, na sua capacidade de
dizer o indizível, segue sua rota de colisão com a lógica do mercado e a
alienação geral do público. E seduzindo os que sonham em jogar pedras de
protesto com meiguice na ternura, enfiando lâmina afiada na opinião, conforme a
visão de mundo de cada um.
Sou reincidente confesso. Vou
publicar outro livro de poesia chamado “Balada do cavalo Mamão e seu cavaleiro
andante” pelo selo SARVAP, uma editora fantasma como esse cavalo perdido na
noite brumosa da fantasia. Já pensando em alguns truques para passar adiante os
exemplares da obra. Tem um que meu amigo picareta Ameba ensinou: peço dez reais
emprestados ao amigo. Quando ele me passar a grana, dou o livro como pagamento.
Tem a história real daquele poeta que presenteou uma amiga com seu livro de poemas
na brincadeira do “amigo secreto”. Sua “amiga” até hoje chora de raiva.
Fabio, poesia faz parte da literatura mundial. A poesia é a forma mais espontânea de um sentimento. Um poeta é um artista literário, sabe condensar numa pequena junção de versos uma historia que seja um desabafo, uma tragédia, um conflito pessoal, e principalmente uma forma de amar. Sou fanático por poesia, tenho admiração profunda por esse tipo de arte, até que gostaria saber fazer, até que tento, mas elas ficam para mim mesmo, julgo minha capacidade insuficiente.
ResponderExcluirA literatura de cordel me encanta, ela é gerada da cultura popular igualmente ao grande artista repentista, e mais valioso que acho nesse tipo de arte, é porque quem a faz é semianalfabeto, e suas estrofes e versos saem com profundidade acadêmica.
O que está acontecendo, é que brasileiro está se tornando um povo sem cultura, nos bancos escolares do ensino fundamental pouco está sendo explorada a literatura. O pouco que chega fazer parte no ensino fundamental é insuficiente para despertar o interesse do jovem aluno. É notório, que atualmente o ensino do idioma pátrio nas escolas é matéria de 2º plano, o resultado disso é evidente nas aberrações escritas por muita gente formada e até pós-graduada em profissões cuja essência exige uma boa grafia.
Lembro de minha época de aluno como meus professores ensinavam com dedicação a Língua Portuguesa, e repassava com prazer em suas aulas. A literatura e a poesia eram conjugadas com a parte gramatical e isso nos despertava o interesse pela leitura e enriquecia o aprendizado da gramática. Atualmente a coisa é bem diferente, principalmente no ensino publico.
Como falei acima, poesia exprime uma forma de amor, e quando tomei jeito de gente, aprendi que amor é uma troca de respeito, dedicação e carinho, que no meu conceito é feito com elogios e romantismo. Era por ai que a poesia através da melodia musical nos transportava para o que chamo de mais sublime o “Amor”
Como o conceito de romantismo hoje é outro, onde a troca de amabilidade entre os jovens é serem chamado de kenga, rapariga, corno, boiola, caralho, fudeu, chupão, e etc.., as formas poéticas tomaram outro rumo e os reconhecidos são os poetas/compositores que musicam letras para serem cantadas inclusive com os gestos pertinentes.
É essa a atual cultura brasileira incentivada pelos mais importantes meios de comunicação capitalista.
Orlando Araujo