Esse
rapaz tem 22 anos, 1,20 m de altura, óculos de fundo de garrafa e uma vontade
grande de viver. Mora na Rua da Paz, bairro do Açude das Pedras, em Itabaiana.
Depois que botamos um anúncio na internet convidando as pessoas para se
voluntariar no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, apareceu esse jovem por nome
José Paulo apresentando-se para o serviço. “O que é que eu vou fazer?”,
perguntou ele, mais por fora do que a Presidente Dilma em Brasília.
Pela
sua altura, Zé Paulo daria um bom locutor de rádio de pilha, mas foi recrutado
para ser relações públicas, perambular pelas escolas convidando alunos e
professores a participar das atividades culturais do Ponto. De cara, a diretora
da escola onde Zé Paulo estuda rejeitou participar de uma gincana estudantil
que o Ponto está organizando. “Gosto de bater de frente com esse povo sem
visão”, foi logo avisando Zé Paulo.
Zé
Paulo mora numa distância de três quilômetros da escola, caminho que percorre a
pé, à noite, com sérios problemas de visão. É muito ânimo firme para estudar.
Vou
contar uma história de deficiente visual, mas, por favor, não me crucifiquem se
a piada for considerada politicamente incorreta. Diz que formaram dois times de
futebol, os atletas quase todos cegos. Um dos times ganhou de 1 X0, gol do
único jogador de visão, contra. Por isso meu compadre Nivaldo Amador fundou o
Ponto de Cultura Portadores de Eficiência, de São João do Rio do Peixe, com
pessoas da APAE.
Na
semana passada esteve comigo via Facebook um cara notável, professor de
robótica educacional. O nome dele é Severino, por sinal um distinto mestre que
foi escolhido para ensinar essa nova matéria em diversas cidades da Paraíba. Quer
abrir uma banca de robótica no Ponto de Cultura. Acredita no potencial do nosso
projeto para levar educação e arte a pessoas necessitadas de nossa comunidade.
Por essas e outras continuamos com as portas abertas.
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