sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Nosso Galileu e a Igreja de resultado

Coreto de Itabaiana com uma lagoa fictícia, trabalho da professora Fátima Nascimento. Na minha cidade, a realidade e a fantasia andam de mãos dadas. 


Severino Lourenço é professor de matemática, mas não é um mestre qualquer. Mestre Biu é um verdadeiro teórico-prático daquela filosofia do autêntico semeador de conhecimentos. O sucesso dos seus pupilos é seu maior pagamento. A beleza de distribuir saberes alimenta sua carreira. Biu Lourenço é um mestre sem fins lucrativos. Dá aulas de graça para jovens que sonham em passar num concurso público. Aprender e ensinar é a vida desse rapaz de Itabaiana do Norte, sua maior glória, sua religião. Ainda agora vai implantar suas atividades didáticas no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, aberto a todos que desejem maximizar seus potenciais de conhecimentos através da robótica. Seu prazer é ajudar os conterrâneos pobres a construir seus ideais de vida e profissão.

A robótica é um esquema moderno de educação onde o aluno aprende a montar robôs, e com isso se familiariza com conceitos multidisciplinares como física, matemática e geografia. Lourenço acaba de construir um robô de esteira, para estudar a velocidade média. Com a sua máquina, pretende dar a volta na calçada da igreja matriz da cidade. É nosso Galileu Galilei, o físico e matemático italiano que enunciou o princípio da inércia e descobriu a lei dos corpos. Severino não descobriu nada, mas tem na Matemática sua paixão, conforme afirmou Galileu: “A Matemática é o alfabeto com que Deus escreveu o Universo". Muito menos nosso professor considera, como disse Galileu, que “a Igreja Católica é inimiga do progresso científico.” Em 1642, Galileu morreu cego e condenado pela Igreja Católica por suas convicções científicas. Teve suas obras censuradas e proibidas. Só em 1983, a Igreja absolveu Galileu Galilei.
           
Outro professor, meu compadre Luis Antonio, queda-se abismado com o que considera um absurdo: o padre da Igreja de Itabaiana cobra cinquenta reais para dizer o nome do defunto, na missa de sétimo dia. Como diria outro compadre, o inteligente soldado da PM Beto Almeida: “chamem um psicólogo, um psiquiatra ou um psicopata para me explicar a esquisofrenia desse mundo.” Para executar suas tarefas complexas e abrir as mentes da juventude, professor Severino trabalha na base do 0800, ou seja, no modo gratuito. Pretende fazer a volta em torno da igreja com seu robô, planejado não para mais uma vez provar a visão heliocêntrica de Galileu, mas para defender a ideia de que o estudo e o conhecimento é o caminho para melhorar as condições de vida e de desenvolvimento de sua cidade. Isso se o padre não cobrar pedágio do robô.


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