quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Bilhete da quinta com carta de domingo



Hoje, 15 de agosto, estou muito atarefado, cumprindo pauta em site e jornal de Cabedelo, tentando fechar parcerias em Itabaiana para o projeto “Cavalo Marinho do mestre Ciço” e vendo pendências administrativas de outros projetos com o meu contador Paulo  Rodrigues, um cara bom como profissional e como pessoa humana. Aproveito e já faço um Merchandising do Paulo, um ótimo perito contador que você pode contratar pelo telefone (83) 3222.6131.

Portanto, deixo com vocês uma carta que minha comadre Adriana Felizardo escreveu para a cantora e compositora paraibana Cátia de França, que achei interessante. Em tempo: Cátia tem um disco chamado “Itabaiana” onde ela interpreta canção de sua autoria falando da minha cidade adotiva. Um primor de poema sobre a terra de Sivuca.  



Querida Cátia de França:

Tenho para mim que comecei a gostar de sua música muito cedo, não sei ao certo em que tempo. A princípio, a sua voz diferenciada, sua maneira de interpretar, e depois prestando atenção nas letras de suas músicas, de uma poesia ríspida, um versejar áspero e cortante como o vento nas quebradas do sertão no estio. 

Cátia, antes da mediocridade da indústria cultural me alcançar, dei fé do seu canto na Rádio Tabajara. Procurei e achei o disco de vinil em um sebo, gravei, botei no CD e ta lá no cantinho das preciosidades.

Nessa carta vai meu agradecimento porque você ajudou a construir minha visão estética em música. Ouvi uma entrevista sua no rádio, tocando violão e cantando, gargalhando e debochando, sendo você mesma, uma figura alegre e sempre além do seu tempo. Soube que você domina a percussão, a flauta, o piano e a sanfona. Com esses instrumentos e sua visão de poeta, desenhou as “vinte palavras em torno do sol” que chegou a embeber em líquido sonoro os “cristais de sangue”.

Estou “Feliz demais” por saber que lerá minha carta, de uma fã desde menina. “O bonde” dessa toada catiana atrai “Quem vai, quem vem” até no “Porto de Cabedelo”, metendo verso “Ensacado” no porão do navio da poesia paraibana de qualidade. Até em “Itabaiana” se ouviu seu grito de “Kukucaia” e seus gemidos no “Coito das araras”.  “Os galos”, como dizia o poeta, não tecem sozinhos uma manhã, pois só com uma guerreira dessas se pode soltar o grito de resistência: “Sustenta a pisada”.

Finalmente, Cátia de França que é Catarina Maria de França Carneiro, meu salve pra você, com a legítima aspiração de que sua produção de ouro sonoro tenha continuidade por muitos anos ainda. A Paraíba não conhece Cátia de França porque a Paraíba não se dá a conhecer profundamente, e isso é lamentável, trágico. No dia em que nossa juventude abrir os olhos, ouvidos e mentes para a obra dessa Cátia de França, aí seremos realmente livres da dependência e sujeição da mediocridade geral que nos emburrece e nos torna inferiores.

Um forte abraço de

Adriana Felizardo




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