Esse Anonymuns aí é o
Lucas Martins, estudante de Itabaiana. Foi escolhido para ser o Diretor de
Operações da Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba, mantenedora do
Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.
O Lucas se apresenta sem
máscaras. É um cara sem disfarce, com aquela energia e sinceridade próprias da
juventude. Tem grande chance de se indispor com as chamadas “autoridades competentes”
e seus prosélitos. Mas anda aprendendo rápido. Temos uma montanha para subir.
Ele mostra ligeireza. Eu já fui moço, quis também ser alpinista. Chegando no
topo dos meus quase sessentinha, somente a solidão e o silêncio me esperando.
No entanto, Lucas tem
pressa e temos que seguir seu ritmo. Perder tempo é luxo nesses tempos de
Anonymous nas ruas reivindicando tudo aqui e agora. Lucas vai atrás das
promessas, do futuro mais remoto. Quer construir a utopia instantânea. Na
rapidez dos seus vinte e poucos anos, veste-se de mensageiro da cultura e
desfila na rua sua alegria de ser agente de uma mudança que nem ele sabe qual,
mas desconfia.
Não há nada de sólido nem
permanente nessa matéria prima dos sonhos. É fugaz, é transitório esse
território das aspirações. Pensei em construir um centro cultural na minha
cidade, ainda restam esperados os projetos mais simples como a construção de
uma singela biblioteca. O que me alimenta é o humano milagre da segunda das
três virtudes teologais: a fé. Esperança que se revela em outros olhares de
gente moça, cheia de expectativa. Essa excelsa âncora nos faz fundear nosso
barco furado em mar calmo, rodeado de Anonymous cujo desprezo a toda e qualquer
autoridade nos faz societários na nobre missão de desmoralizar a ilibada
reputação da elite.
Boa sorte para Lucas
Martins na sua nova incumbência de reger com a autoridade dos seus verdes anos
essa fantasia que se chama Ponto de Cultura. Nossa meta: construir a ponte
incompleta entre o artista local e seu rosto no espelho da dignidade. Como uma
casa de acolhida, o Ponto de Cultura tanto liberta quanto trancafia. Exemplo?
Soltou as amarras de um músico como Vital Alves que por sua vez libertou o
talento de um Marden Silva. Outra demonstração: prendeu para sempre a atenção
da jovem Paloma na cultura popular. Ela, que antes só se amarrava na dança do
funk, hoje se sacode no ritmo do bailado do Boi de Reis na charmosa junção da
tradição e do futuro. Ponto de Cultura pressupõe uma mudança de mentalidades e
valores. E mudar é a palavra de ordem desses Anonymous espalhados por esse
Brasil real.
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