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| Heleno com a meninada, explicando sua arte |
Tenho por hábito dar visibilidade aos pequenos/grandes
gestos de homens e mulheres como eu e você, mas tipos que levam gosto em
espalhar solidariedade, companheirismo e cooperação. Esse povo é quem embala o
sonho de fraternidade que ainda teima em sobreviver na humanidade.
O poeta repentista Heleno Alexandre, de Sapé, é um desses
elementos que pega sua vida de artista e dá um direcionamento que alumia.
Heleno dá de garra de sua viola e vai para as escolas ensinar as crianças a
fazer versos, a cantar repente. A toada vira instrumento do conhecimento, de um
saber mais profundo que não está nos livros. Existe no mundo um mestre tão
encantador na sua missão de instruir com tanta capacidade de arrebatar e
fascinar as mentes juvenis? Aquelas cabecinhas jamais serão as mesmas depois de
serem seduzidas pelo encanto do poeta violeiro.
A obra do poeta,
repentista, compositor e escritor Otacílio Batista foi eternizada na Escola
Municipal Radegundis Feitosa, em João Pessoa. A biblioteca da unidade de ensino
ganhou o nome do artista. “Esta homenagem foi mais do que merecida. O artista
tem uma das mais belas vozes do repente, não foi à toa que recebeu o título de
‘A Voz do Uirapuru’, pássaro da região amazônica, dono do canto mais bonito e
que silencia aos demais pássaros quando solta seus indecifráveis acordes”,
ressaltou o secretário de Educação de João Pessoa. Só que o grande Otacílio
Batista jamais entrou nesta ou, talvez, em qualquer outra escola para
enriquecer a vida escolar com seus versos, sua voz e sua viola. É bom saber
que, agora, o poeta repentista é nome de biblioteca. Quem sabe, mais pra frente
um poeta desses pode até dar nome à própria escola, afastado o preconceito em
relação a esses artistas populares e nosso secular colonialismo cultural que vê
como apagadas e sem valor as nossas expressões artísticas mais genuínas. Ainda
bem que a história é subversiva porque está sempre se transformando.
Mestre Heleno
Alexandre, imortal da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, educador perito na
arte de poetizar a vida, você está de parabéns por essa iniciativa. Quero
aclamar essa sua atitude, irmão de idealidade!
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