Em 13 de maio, declararam extinta a escravidão no
Brasil. Muito se dirá e se escreverá, ao longo deste dia, sobre esse momento
histórico. Eu quero apenas registar alguns dados, que não aparecem comumente
nas matérias sobre o tema.
O Brasil está entre os 30 países com menor índice de
escravidão por habitante. Por outro lado, está em 32º lugar no ranking de 167
países em números absolutos, com mais de 150 mil pessoas vivendo como escravos.
A escravidão nunca acabou. O combate continua. Temos o
“Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo” e a “Lista Suja”
elaborada pelo Governo com a finalidade de identificar as empresas flagradas
usando trabalho escravo diretamente, ou em sua cadeia de fornecedores, exigindo
o bloqueio do acesso delas a créditos – dentre outros benefícios e sanções.
Ainda milhares de brasileiros estão sujeitos ao trabalho forçado e à exploração
sexual. E não são todos negros, apesar desses serem a maioria das vítimas. Esses dados são apresentados por Maristela
Basso, advogada, árbitra, professora livre-docente de Direito Internacional da
Faculdade de Direito da USP.
Dia desses vi um anúncio de casal evangélico procurando
menininhas de 12 anos para “adotar”. Querem que a menina cuide de um bebê, sem
direito a nada, a não ser alimentação e escola. Condição análoga à de escravo.
Isso porque somos um povo que conviveu com a escravidão por séculos. No
inconsciente coletivo, ainda resta o “instinto” de senhor de senzala.
“A causa sagrada de Darwin” é um livro do inglês Mike
Collett-White onde o autor garante que o ódio do autor da teoria da evolução
pelo regime escravocrata foi fundamental para que ele desenvolvesse sua ideia
que revolucionou a ciência. Ele teria trabalhado com os princípios de uma “Ciência
da fraternidade”, movido por desejos e necessidades humanas, “até hoje
considerados subversivos”, diz o resenhista do livro.
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