O Movimento de educação de base, MEB, foi criado pela CNBB –
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 1961, objetivando desenvolver um programa de educação de base por meio de escolas radiofônicas. No Nordeste, o projeto
funcionou bem no Rio Grande do Norte, onde a Igreja usava suas emissoras para
colocar em prática amplo programa de alfabetização e educação de base, através
de escolas radiofônicas.
O Governo da época, João Goulart, financiava o projeto, cedia
funcionários federais e concedia canais de radiodifusão para a Igreja ampliar a
educação de base pelo rádio. O programa teria a duração de cinco anos, devendo
ser instaladas, no primeiro ano, 15 mil escolas radiofônicas, a serem
aumentadas progressivamente. Para tanto,
a CNBB colocava à disposição do Governo Federal a rede de emissoras filiadas à
RENEC – Representação Nacional das
Emissoras Católicas, comprometendo-se a
aplicar adequadamente os recursos recebidos
do poder público e a mobilizar voluntários, principalmente para atuar junto às
escolas como monitores e às comunidades como líderes. Pode-se afirmar
que essa experiência foi o embrião das rádios comunitárias, nos anos 50/60.
Com o golpe militar de 1964, não ficou pedra sobre pedra. No caso,
não ficou transmissor sobre transmissor. No Rio Grande do Norte, os próprios
latifundiários sequestraram os transmissores das rádios católicas ligadas ao
Movimento de Educação de Base. “O mesmo rádio que ensinava a ler, incentivava
também a participação dos trabalhadores rurais nos seus sindicatos”.
Tem-se, assim, a primeira repressão a rádios populares no
Brasil. Atualmente, com governos de origem popular, a força do poder da mídia
comercial a serviço das elites dominantes ainda é tão grande que mantém a mesma
opressão com as mesmas leis da ditadura contra os radiodifusores populares,
seja na rádio livre ou na rádio comunitária.
Reflexões a partir da
leitura do livro “Golpe militar-civil e ditadura na Paraíba”, organizado por
Éder Dantas, Paulo Giovani Antonino Nunes e Rodrigo Freire de Carvalho e Silva
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