sexta-feira, 8 de maio de 2015

Rádio popular ensinava a ler e a dizer não ao latifúndio

O Movimento de educação de base, MEB, foi criado pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 1961, objetivando  desenvolver um programa de  educação de base por meio de escolas  radiofônicas. No Nordeste, o projeto funcionou bem no Rio Grande do Norte, onde a Igreja usava suas emissoras para colocar em prática amplo programa de alfabetização e educação de base, através de escolas radiofônicas.

O Governo da época, João Goulart, financiava o projeto, cedia funcionários federais e concedia canais de radiodifusão para a Igreja ampliar a educação de base pelo rádio. O programa teria a duração de cinco anos, devendo ser instaladas, no primeiro ano, 15 mil escolas radiofônicas, a serem aumentadas progressivamente.  Para tanto, a CNBB colocava à disposição do Governo Federal a rede de emissoras filiadas à RENEC –  Representação Nacional das Emissoras  Católicas, comprometendo-se a aplicar  adequadamente os recursos  recebidos  do poder público e a mobilizar voluntários,  principalmente para atuar junto às escolas  como monitores e  às comunidades como líderes. Pode-se afirmar que essa experiência foi o embrião das rádios comunitárias, nos anos 50/60.

Com o golpe militar de 1964, não ficou pedra sobre pedra. No caso, não ficou transmissor sobre transmissor. No Rio Grande do Norte, os próprios latifundiários sequestraram os transmissores das rádios católicas ligadas ao Movimento de Educação de Base. “O mesmo rádio que ensinava a ler, incentivava também a participação dos trabalhadores rurais nos seus sindicatos”.

Tem-se, assim, a primeira repressão a rádios populares no Brasil. Atualmente, com governos de origem popular, a força do poder da mídia comercial a serviço das elites dominantes ainda é tão grande que mantém a mesma opressão com as mesmas leis da ditadura contra os radiodifusores populares, seja na rádio livre ou na rádio comunitária.

Reflexões a partir da leitura do livro “Golpe militar-civil e ditadura na Paraíba”, organizado por Éder Dantas, Paulo Giovani Antonino Nunes e Rodrigo Freire de Carvalho e Silva


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