Ensaio da peça “Essa febre que não
passa”, baseado no livro de Luce Pereira
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Título do livro de contos da
jornalista pernambucana Luce Pereira que achei no lixo. Li o primeiro conto,
sobre um casal de lésbicas que adota um gato para salvar a relação. Achei filé.
Guardei o resto para saborear em outro instante, na rede velha, no meu
recolhimento natural para degustar esses manjares literários.
Na net onde tudo se sabe, fico
sabendo que “Essa febre que não passa” virou peça teatral, com o grupo
pernambucano Coletivo Angu de Teatro. “É um mergulho na alma feminina, um rico universo
a ser explorado”, diz a sinopse do espetáculo patrocinado pela Chesf.
Eu disse que encontrei o livro no
lixo, mas deixa explicar melhor: sempre que vou ao Espaço Cultural em João
Pessoa, levo livros para trocar na estante do projeto de escambo de livros, uma
estantezinha onde a pessoa deixa um livro e leva outro, sem nenhum controle,
nem registro ou qualquer tipo de moderação. Dá-se que a maioria das pessoas
deixa lixo na banquinha. Catálogos velhos, almanaques de dez anos atrás,
revistas da Avon, livros técnicos sobre como imprimir em mimeógrafos a óleo,
coleções didáticas ultrapassadas e outros resíduos impressos. Tanto que,
invariavelmente, só deixo meus livros lá. Não tem o que pegar de volta. Até
que, finalmente, um leitor sensato e honesto deixou o livro de Luce Pereira.
“Pelas tortas travessias do mundo”, tomo conhecimento da obra dessa boa
escritora.
Dei-me a tarefa de ler o livro até o
dia 2 de junho, data em que o projeto “Livro na feira” vai iniciar na cidade
Itabaiana do Norte. Armaremos nossa barraquinha de troca de livros em frente à
Câmara de Vereadores, com o mesmo espírito de estimular o gosto pela leitura e
dar opções, de graça, para quem gosta de ler. “Essa febre que não passa” vai
ser o primeiro livro do expositor. Espero que seja trocado por alguma obra
decente e que seu futuro leitor se farte com a arte de Luce e sua “garra
impressionante nos contos densos, vigorosos e fortes” desse livro.
O projeto leva muito daquele
sentimento que temos de gostar de dividir as coisas boas que experimentamos, as
emoções de um bom livro. É uma alegria sem preço ver que alguém encontrou um
bom livro e, talvez, lerá essa obra e, quiçá mais ainda, a partir dessa
descoberta se contamine com essa droga alucinógena das mais indicadas, acabando
cada vez mais dependente dela.
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