domingo, 26 de outubro de 2014

POEMA DO DOMINGO






Xilogravura de Josafá de Orós


PELEJA DE SANDER LEE E FÁBIO MOZART NA FEIRA DE ITABAIANA



MOTE: O universo da feira
Cantador nenhum não canta


Poeta, siga em frente
No embalo do meu pinho
Vamos cortar o caminho
Entrando noutra vertente
E para ser coerente
Meu poetar se levanta
Com um ronco na garganta
Que estremece a ribeira
O universo da feira
Cantador nenhum não canta.


Na cadência de um martelo
Ou na marcha da sextilha
No quadrão, em qualquer trilha
Eu seguro esse duelo
Se você brincar eu melo
A sua fama que espanta
Pois meu cartaz se agiganta
Desrespeitando fronteira
O universo da feira
Cantador nenhum não canta.

Na feira tem poesia
E um festival de cheiro
O ceguinho no pandeiro
Multidão e carestia
Tudo isso é alquimia
Que no cérebro se implanta
Faz mixagem e a Musa canta
Com imagens de primeira
O universo da feira
Cantador nenhum não canta.

O pião na feira roda
Galo canta e a gata mia
Se ouve o chiar da jia
O camelô cria moda
A difusora incomoda
Com um ruído que espanta
Rato, peba e salamanta
São chamariz de primeira
O universo da feira
Cantador nenhum não canta

Feira quando é mesmo boa
De Natal ou ano novo
Grana no bolso do povo
Nesse dia a “paia avoa”
Sem faltar uma pessoa
A cidade se levanta
Barraqueiro vende “fanta”
Como água em cachoeira
O universo da feira
Cantador nenhum não canta

Quando eu era pequenino
Botava o banco de Joana
Minha vó em Itabaiana
Junto com ave e caprino
Ela vendia com tino
O café, almoço e janta
No “hotel” daquela santa
Era grande a fumaceira
O universo da feira
Cantador nenhum não canta.

F. Mozart

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