terça-feira, 21 de outubro de 2014

Deu bode


Toca do Leão também é cultura: o bode expiatório é o bicho escolhido para ser separado do rebanho e abandonado no deserto, como parte de antiga cerimônia dos judeus.
Em sentido figurado, um "bode expiatório" é alguém que é escolhido arbitrariamente para levar (sozinho) a culpa de uma calamidade, crime ou qualquer evento negativo (que geralmente não tenha cometido). A busca do bode expiatório é o esporte favorito de quem perde eleição, se separa do cônjuge, enfim, faz alguma besteira geral ou particular. Na Alemanha de antes da guerra, os judeus foram apontados como culpados pelas mazelas econômicas e políticas. A história está repleta de bodes expiatórios.
Tem novo bode expiatório no ar. As redes sociais estão cheias de pessoas arrogantes, autoritárias e fascistas denegrindo a imagem de candidato A ou B, nessa reta final de campanha. Mais uma vez, o bode expiatório é o político. Tal sentimento serve de ponto de partida para a falta de educação, o ódio de classes, enfim, a face mais cruel e feia da sociedade. Acho que não é a política brasileira que é violenta. Nós somos violentos. Há uma parte nossa que está na fila para entrar no museu dos horrores da humanidade.
No fim, se Dilma ganhar, será culpada pelo que vier de ruim nos próximos anos, e o outro candidato também será alvo favorito dos zombeteiros para figurar de bode expiatório, se vencer a eleição. É preciso ter alguém que leve a culpa pela nossa falta de competência, irresponsabilidade e preguiça, pelas nossas falhas de caráter e pela incapacidade de viver numa sociedade minimamente justa.
Um bode moderno: os jovens infratores. Todo mundo aponta a delinquência juvenil como causa dos problemas de segurança no país, e quer reduzir a maioridade penal. Resta provado que transformar os jovens infratores em bodes expiatórios não vai resolver o problema da segurança no Brasil.
Enfim, bodes para todos os gostos soltos na buraqueira. Encerrando aqui meu papo de hoje, pedi ao meu assessor Sonsinho para montar uma ilustração sobre a matéria. Ele, aí, criou essa montagem do bode expiatório espiando pelo buraco do muro. Não deixa de ser poético.
Em tempo: hoje comerei bode com fava verde. 

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