Toca do Leão também é cultura: o bode expiatório é o bicho escolhido para ser separado do rebanho e abandonado no deserto, como parte de antiga cerimônia dos judeus.
Em
sentido figurado, um "bode expiatório" é alguém que é escolhido
arbitrariamente para levar (sozinho) a culpa de uma calamidade, crime ou
qualquer evento negativo (que geralmente não tenha cometido). A busca do bode
expiatório é o esporte favorito de quem perde eleição, se separa do cônjuge,
enfim, faz alguma besteira geral ou particular. Na Alemanha de antes da guerra,
os judeus foram apontados como culpados pelas mazelas econômicas e políticas. A
história está repleta de bodes expiatórios.
Tem
novo bode expiatório no ar. As redes sociais estão cheias de pessoas
arrogantes, autoritárias e fascistas denegrindo a imagem de candidato A ou B,
nessa reta final de campanha. Mais uma vez, o bode expiatório é o político. Tal
sentimento serve de ponto de partida para a falta de educação, o ódio de
classes, enfim, a face mais cruel e feia da sociedade. Acho que não é a
política brasileira que é violenta. Nós somos violentos. Há uma parte nossa que
está na fila para entrar no museu dos horrores da humanidade.
No fim,
se Dilma ganhar, será culpada pelo que vier de ruim nos próximos anos, e o
outro candidato também será alvo favorito dos zombeteiros para figurar de bode
expiatório, se vencer a eleição. É preciso ter alguém que leve a culpa pela
nossa falta de competência, irresponsabilidade e preguiça, pelas nossas falhas
de caráter e pela incapacidade de viver numa sociedade minimamente justa.
Um bode
moderno: os jovens infratores. Todo mundo aponta a delinquência juvenil como
causa dos problemas de segurança no país, e quer reduzir a maioridade penal.
Resta provado que transformar os jovens infratores em bodes expiatórios não vai
resolver o problema da segurança no Brasil.
Enfim, bodes
para todos os gostos soltos na buraqueira. Encerrando aqui meu papo de hoje,
pedi ao meu assessor Sonsinho para montar uma ilustração sobre a matéria. Ele,
aí, criou essa montagem do bode expiatório espiando pelo buraco do muro. Não
deixa de ser poético.
Em tempo: hoje comerei bode com fava verde.
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