Wanessa Costa (direita) na militância política |
Conheci Wanessa Costa
nas reuniões do Fórum Metropolitano de Comunicação Comunitária. A gente se
reunia semanalmente no Sebo Cultural para tentar organizar o movimento de
rádios livres e comunitárias em João Pessoa, no começo do século XXI. Ela
representava a Rádio Comunitária Voz Popular de São Rafael, uma comunidade no
Conjunto Castelo Branco. Garota forte na tarefa de dar voz ao seu povo, aos
vizinhos e amigos em uma comunidade cheia de problemas sociais. Depois, criaram
um banco comunitário, fizeram projetos de música para crianças, geração de
emprego e renda, tantas pequenas grandes coisas que a turma fez ali na intenção
de mudar o mundo. Até um Ponto de Cultura foi montado pela rádio. Mudou um
pouco a fisionomia de sua comunidade, em atos públicos e notórios de cidadania
a partir de uma pequena estação de rádio.
Voltei a ver Wanessa
semana passada, no aniversário da Rádio Voz Popular. Estava com visual diferente,
cabelos curtos, mais magrinha. “Por que você desapareceu do Facebook?”,
perguntei. Ela explicou que foi expulsa da rede social porque brigou com um
cara da comunidade, inimigo dos projetos da rádio. A briga foi feia, ela
botando os podres do sujeito pra fora, ele esculhambando geral, tanto que o
Facebook achou por bem dar cartão vermelho para os dois. “Estou respondendo a
processo por danos morais”, disse Wanessa.
Essa radical xiita do
movimento de rádios comunitárias vota em Dilma, diz que é radicalmente a favor
do Brasil comandado por uma mulher forte. Não quer saber se Dilma não fez
avançar um milímetro a causa da democratização das comunicações. Ela acha que a
culpa é do próprio movimento que não se organiza melhor para pressionar o
Congresso, assustar o monopólio e ocupar os espaços na mídia. Continuamos com o
velho hábito de falar mal do Governo, sem levantar da cadeira para fazer as
coisas acontecerem.
Wanessa hoje está
mais sábia e equilibrada. É uma das mulheres para quem eu dediquei meu
documentário “Feminino plural”. Pena que as cenas gravadas na sua comunidade
foram perdidas porque meu cinegrafista Jacinto Moreno assustou-se com uns zé
ruelas do lugar, pensou que eram traficantes a fim de expulsar os estranhos no
ninho e esqueceu de ligar o áudio da câmera. Um momento de babaquismo do meu
compadre Moreno que custou a saída de Wanessa do meu filme. Outras mulheres,
entretanto, estão lá com seus depoimentos sobre a emoção feminina em lutar por
direitos, incluindo o de se comunicar.
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