Faço saber a todos que o trem voltou. Pelo menos na tela do
pintor mariense autor do trabalho acima, cujo nome escapou da memória fraca.
O quadro tem tudo a ver com minha história na terra dos Luna
Freire, a velha Araçá, que depois passou a dar fruto do marizeiro. Quando
cheguei lá em 1988, fui trabalhar na estação do trem. Em 1998, fechei as portas
da centenária estaçãozinha ferroviária, fui o último chefe.
Antes de sair, fundei a rádio comunitária Araçá. No quadro,
os dois temas se entrelaçam, mas são extemporâneos. A rádio não chegou a ver o
trem que desapareceu antes, descarrilado pela incúria dos
governos. O ramal que passava em Mari, em direção a Natal, Rio Grande do Norte,
foi desativado no começo do Governo Lula.
Atualmente, a estação é alvo de disputa entre a direção da
rádio e a Prefeitura. Cada um quer tomar conta desse mais importante patrimônio
histórico de Mari. Considerando que no meu tempo, foi preciso uma luta danada
para preservar esse prédio, gosto de saber que agora, mesmo por motivos
políticos, são muitos os que querem pegar no pau da bandeira do
conservacionismo patrimonial histórico da cidade.
Quanto ao quadro, pode não ser um primor de técnica. Gosto
dele porque retrata com um lirismo incipiente o espaço físico onde operei
tantos sonhos. Creio na ternura das coisas simples.
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