A trajetória política do ex-deputado Fernando Melo foi
construída na vivência democrática, desde o movimento estudantil na década de
70 até o idealismo nas lutas parlamentares Fernando Melo realmente se destaca
no cenário político desta região pela lealdade aos amigos e firmeza de
convicções. São esses atributos que firmam o nome de alguém na História, e não
a fraqueza das acomodações e aproveitamento de circunstâncias para se chegar ao
poder, de qualquer forma.
Em meio a toda uma trajetória de luta e tenacidade, o
ex-deputado Fernando Melo vivenciou uma história de violência pessoal. Seus
direitos de cidadão foram abruptamente desrespeitados por grupos defensores de
ideias nem sempre condizentes com a democracia. Fernando teve sua propriedade
rural invadida, chegando ao ponto de ir às barras dos tribunais reclamar seus
direitos, num conflito onde normalmente as partes enveredam para a violência
pura e simples. Fernando Melo acreditou na Justiça do seu Estado e recusou a
luta aberta dos que nada têm a perder, dos que pescam em águas turvas para ver
crepitar o fogo da luta de classes. Mas, Fernando não arredou o pé de seus
princípios, não participou de atos violentos nem manchou seu nome honrado na
luta armada dos camponeses mal liderados. Tanto que o deputado Frei Anastácio,
Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a violência no
campo, não cita o nome de Fernando Melo como participante de qualquer ato de
violência contra os trabalhadores, mesmo os que ocuparam hostilmente suas
fazendas, numa brutalidade absurda. Só esse fato, de não constar no rol dos participantes dos conflitos, é a
vitória da razão contra os desmandos, do positivo contra a anarquia, pela força
da dignidade.
Essa é a constatação franca e verdadeira do valor desse
cidadão itabaianense, cujo amor pela terra natal significou um aprendizado de
incomum importância, tanto do ponto de vista ideológico e cultural quanto na
vida pública, tornando-o um líder com irradiações além fronteira.
O nepotismo faz parte da própria cultura do serviço público,
onde se inclui o poder legislativo. Nem por isso Fernando Melo empregou
parentes quando no cargo de deputado estadual. Pode-se afirmar que ele apenas
cumpriu seu dever, sendo honesto e zeloso com a chamada “coisa pública”. Sem
perder de vista esse dado elementar, infelizmente o desempenho de um homem
público em nosso país ainda se mede pelo seu desprezo ao favoritismo e à
corrupção, e nessa área Fernando Melo saiu-se com dignidade.
(Crônica publicada no Jornal Alvorada, outubro
de 1998)
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