Eu, Fabiana, Beto, Veloso e Dalmo, diretoria
executiva da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares - Foto: Júlia (5 anos)
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Nesse instante, em algum lugar no mundo, um homem está
tramando contra o sistema econômico, social e político estabelecido.
No caso específico, são quatro homens e uma mulher, a
diretoria executiva de uma rádio comunitária calada pelo sistema e que teima em
continuar viva. Os inoportunos elementos estiveram reunidos para não dispersar
os sonhos. A reconcentração se deu na casa do meu compadre Dalmo Oliveira,
chefe do agrupamento que pode muito bem ser apontado como formador de
quadrilha, porque esse bando só pensa em dar descontinuidade ao processo de
alienação da sociedade, que não compreende que é o motor desse bonde e aceita
tudo sem questionar. A alienação social incapacita o pensamento independente do
ser humano, e ele passa a aceitar tudo como algo natural, racional ou divino.
Contra isso, o grupo faz jornal, bota a boca no rádio livre e provoca
acontecimentos culturais para não vergar os joelhos e não descair na prostração
e frouxeza dos covardes.
Agora mesmo vamos comemorar aniversário de nossa Rádio
Comunitária Zumbi dos Palmares do bairro (com licença da má palavra) Ernesto
Geisel, na Parahyba do Norte. Na circunjacência do Gai, como é chamado o
conjunto, vamos convidar a rapaziada para umas intervenções culturais no dia 30
de novembro, com direito a rádio no ar durante o dia todo, a serviço dos
artistas e líderes comunitários. Nos intervalos, segurando a retaguarda, estará
meu compadre Beto Palhano servindo uma autêntica cachaça de cabeça com tripa de porco assada. A bombordo, estará o
velho Marcos Veloso ombro a ombro com o roqueiro Gilberto Bastos, mexendo nos
botões e botando o sistema irradiante pra gemer alto nossas paixões e queixumes.
Quem achar ruim que corra e quem achar bom que caia dentro!
Isso diria meu compadre Sílvio Lixo, o locutor do povão, a estibordo dessa
barcaça furada e cheia de malucos segurando a canhota, a sinistra, o pensamento
de esquerda que ainda resta nos movimentos sociais da periferia.
O cronista refletiu: “Sem gente na rua, gente de cara limpa,
não será possível mudar o Brasil.” Eu acrescento: sem o povo na mídia, a força
social não dá pedal.
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