terça-feira, 12 de novembro de 2013

Venha conhecer um homem-bomba

Meu filho Arnaud Neto com o mestre Idalmo


Archidy Picado Filho disse que Pedro Osmar e Adeildo Vieira eram homens-bombas. “Aliás, somos todos. Menos as mulheres. Elas são mulheres bombas”, ressaltou o famoso artista plástico da Parahyba do Norte. Na relação dos homens-bombas, incluo meu compadre, ex-professor e eterno senador Idalmo da Silva. Esse é bomba chiando na mão da sociedade dissimulada.

Lembro que no final dos anos 70, Idalmo era professor no Colégio Estadual de Itabaiana e no Colégio Comercial Dom Bosco, do professor Emir Nunes. Na época, ocorreu um movimento que foi um primor de injustiça. Colegas de Idalmo, professores e alguns alunos retrógrados fizeram uma campanha para expulsar nosso mestre das salas de aula porque, diziam, ele estava pregando o amor livre e o comunismo. Investiram furiosamente contra o nosso professor. A zanga deles era porque Idalmo tinha coragem de falar o que pensava sobre política e relações pessoais numa sociedade oprimida e amordaçada por muitos anos de ditadura. Resultado: foi expulso das escolas, mas ficou consagrado pelos de sua geração. Dele, o mínimo que afirmo é que sempre foi um homem-bomba, disposto a se sacrificar pelas ideias em que acredita. São raros, hoje em dia, os dessa espécie.

Tem histórias saborosíssimas com esse mestre Idalmo, hoje um calmo aposentado aos setenta anos. Uma delas dá conta de que uma mãe, horrorizada com as aulas realistas e fortes de Idalmo, clamou aos céus:

--- Deus é grande, que um dia eu hei de ver esse professor ter muitos desgostos com seus filhos!

No que Idalmo retrucou:

--- Tenha medo não, senhora, porque eu uso camisinha e não deixarei descendentes.

Idalmo foi o primeiro candidato a senador pelo Partido dos Trabalhadores na Paraíba. Foi, seguramente, o mais atípico candidato, na contramão do que se conhece como político. Entrou para o folclore político por protagonizar muitos episódios inusitados. Na cidade de Arara, o senador Idalmo foi fazer um comício, começou a chover, os dez ouvintes caíram fora, ficou só o senador em cima de um tamborete, todo ensopado, falando para a tempestade. Discursou durante uma hora para ninguém, apenas para sua consciência de cidadão em marcha revolucionária.

Idamo não venceu sua revolução, o partido virou prostituta normal no processo político brasileiro e ele passou a se dedicar ao estudo do poeta Augusto dos Anjos. Atualmente, não gosta de falar de seu passado político, mas é capaz de defender suas teses sobre o poeta durante horas.

Mas ninguém se assuste que ele, Idalmo, só vai falar quinze minutos sobre seu livro “Augusto dos Anjos por Augusto dos Anjos” nessa sexta de feriado, 15 de novembro, na Câmara de Vereadores de Itabaiana. Ele escreve de graça, só por amor à filosofia e à arte. Não vende livros, portanto seus convidados levarão seu livro sem gastar nada, que Idalmo é contra radicalmente misturar arte com relações comerciais. De quebra, teremos uma dupla de violeiros, meus amigos Biu Salvino e Heleno Alexandre, e a orquestra de violões do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.

 

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