Estou
lendo “Santana do Congo”, de Efigênio Moura, um romance que vem desabrochar a
potencialidade desse caririzeiro, já entrando na chamada faixa da terceira
idade com o pungente fulgor juvenil. Escritor obstinado, vai de praça em praça
levando seu produto literário, suas ideias, seus sonhos. Um guerrilheiro das
letras.
“Patos
é a capitá do sertão da Paraíba, tu não sabia não? Passasse fome lá e não sabe...”
Uma fala de Seu Migué, personagem do livro de Efigênio. A literatura não carece
de verossimilhança, por isso até meu compadre Ronaldo Morelle das Antenas
aparece feito zumbi no livro, fugindo da imaginação do escritor, mas se
rendendo à vigorosa e viva expressão literária desse compadre velho.
Késsi
Jones é o nome do personagem principal da trama. Lembrei de um antigo filme do
tempo das pornochanchadas com esse nomezinho encabuloso. Já é best seller na Paraíba do Norte,
repetindo o feito de “Eita gota”, outro romance fela da puta de bom, muitíssimo
criativo que até hoje tenho uma vontade da gota de fazer um filme com esse
argumento porque é um roteiro de filme quase pronto.
O
“Santana do Congo” lida com paixões e neuroses dessas criaturas viventes do
universo sertanejo, com narrativa e estrutura bem original. Efigênio extrai
daquele universo rude toda poesia possível, com pitadas de humor dignas de um
Jessier Quirino, outro “arrombado” na arte de escrever.
Encontrei
com Efigênio Moura em Itabaiana, dia 15 de novembro, no lançamento de um
livreto do meu considerado professor Idalmo da Silva. Na ocasião, trocamos
livros e juras de eterno amor literário. É um papo prazeroso e inteligente,
diferente de mim, um tanto caladão, mas sempre buscando ser o “homem cordial”
de que falava Sérgio Buarque de Holanda. Mas não é por cordialidade não, que eu
afirmo: esse livro de Efigênio é um clássico de nascença.
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