A primeira
quartelada no Brasil teve Deodoro da Fonseca como chefe. Foi o primeiro
presidente militar, depois de dar um golpe na Monarquia.
Neste 31 de
março, este escrevinhador se recusa a falar sobre o golpe militar de 1964 com
mal humor e de forma sombria. Com o Brasil voltando à direita, elegendo o mais
incompetente e truculento presidente de sua história, os militares retornam ao
poder pelas vias legais. Menos mal, eu diria.
Só en passant, registrar que estou lendo
nesta quarentena “A regra do jogo”, de Cláudio Abramo, onde ele comenta sobre
corrupção da imprensa durante a ditadura militar. Com a palavra o mestre
Abramo: “Muitas formas de corrupção se deve ao regime político. Num regime
democrático, o ministro dura quatro anos, se dura. O poder do presidente é
limitado. A ditadura militar criou a corrupção maciça da imprensa, porque esses
governos são duradouros, e o poder dos ministros é ilimitado. Não se sabe se o presidente
ficará um, dois, três, dez ou quinze anos. Os ministros ficaram cada vez mais
poderosos. Por isso a corrupção alcançou outro nível”.
E, para
entreter meus seis leitores, sem deixar de exercitar o espírito crítico, vai
essa piada de uma época que não teve graça nenhuma no Brasil. No Rio de Janeiro,
edifício em Copacabana, uma velhinha, uma garota muito gostosa, um coronel do Exército
e um rapaz estudante no elevador. De repente apagou a luz, o elevador ficou
escuro e parou. No silêncio do elevador ouviu-se o barulho de um beijo seguido
de um tapa. Quando a luz voltou, o coronel estava passando a mão no seu rosto. A
velhinha pensou: “Bem feito, esse tarado quis passar a mão na bunda da mocinha
e levou um tapa”. A mocinha pensou: “Esse milico deve ter tentado se aproveitar
da velhinha e levou um tapa”. O coronel pensou, olhando para o rapaz: “Esse
moleque passou a mão na bunda da menina e eu levei um tapa por engano”. E o
rapaz pensou: “Tomara que acabe a luz novamente só para eu beijar o dorso da
mão e dar outro tapa na cara desse milico ditador”.
Passados 56
anos do golpe militar, as novas gerações desconhecem ou não compreendem esse
fato histórico. Um vereador de Bayeux, região metropolitana de João Pessoa,
votou contra o afastamento do prefeito Berg Lima e marcou seu voto com um
protesto: “Abaixo a dentadura!”. O vereador nem desconfia, mas 80% dos
brasileiros têm menos de 20 dentes na boca e apelam para a velha e incômoda
dentadura. Um país de banguelas mentais acaba dando poderio a criaturas como
Bolsonaro, caricatura desdentada de um militarismo arcaico e desumano.
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