Nesta segunda-feira, 13 de abril do ano contaminante
de 2020, publiquei uma sextilha sobre o músico Moraes Moreira, falecido ontem.
Foi o milésimo texto postado no Recanto das Letras, plataforma virtual de
literatura, comunidade com milhares de contistas, poetas, cronistas, mensageiros
de besteirol, articulistas do Brasil e um pedaço do mundo.
Cento e vinte uma mil pessoas leram meus textos
nesses anos em que dissemino meus trabalhos na plataforma mais ou menos
democrática. De vez em quando eles censuram uma composição, como aconteceu
comigo quando publiquei breve ensaio sobre o racismo no espiritismo. Em seu
formato original, já publiquei oito livros. Reunindo todas as edições, não
chega nem perto do número de leitores que alcancei no Recanto das Letras. Não
precisa investir nem um centavo de capital.
O interessante nesses portais é a interação com
o leitor. A pessoa pode te mandar mensagens instantâneas comentando o trabalho,
elogiando, criticando ou até narrando como se dá sua identificação com o texto.
Guardo centenas de comentários de todas as partes do Brasil. O jovem escritor alagoano
Rafael Marinho define a impressão desses encontros: “Quando uma pessoa que você não conhece está lendo a sua obra e
comentando simultaneamente, você se sente maravilhado."
A ideia que se tem é que não
se lê mais no Brasil. Pesquisa do portal Árvore de Livros indica que 56% dos
brasileiros se ligam na leitura online.
Querem saber qual meu texto de maior
chamariz? O que teve mais leitores no Recanto das Letras? Uma crônica sobre o
gari, lida por 2.522 pessoas.
Vejo o Recanto das Letras como uma espécie de
arca de Noé literária. Cabe toda espécie de criaturas, desde um elefante da
palavra poética feito meu compadre Sander Lee até autores invertebrados,
neófitos na arte de escrevinhar. Nesse recanto, amizades se fortaleceram,
grupos se formaram, diálogos começaram, cimentando rodas de autores e
magnetizando pensamentos do norte ao sul.
No Recanto das Letras tive a satisfação de
relacionar-me com bons escritores e reencontrar figuras que conheço desde os
anos 80 quando publicava um fanzine
poético, Alquimia do Verbo. Um deles, o baiano A.J. Cardiais, Antonio Jorge
Dantas de Lima, que deixou a Faculdade de Letras da UFBa por “incompatibilidade
de gênios”. A genialidade dele não era compatível com a dos professores.
Então, viva o Recanto das Letras! E continue em
casa!
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