Este é o velho Teatro
Recreio Benjamim, em Timbaúba, onde eu vi pela primeira vez uma peça de teatro
e me encantei com essa arte à primeira vista
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Minha
terra natal, Timbaúba, já foi considerada a capital nordestina da indústria de
sapatos. Quando eu morei lá, essa indústria estava em plena expansão. Muita
gente chegando para trabalhar na efervescente atividade. Chegou o novo Promotor
de Justiça, jovem e mulato. Sentou na cadeira do barbeiro Galvão que pegou logo
a conversar com o cliente, como é do feitio desse povo da navalha:
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O senhor não é daqui. É sapateiro solador ou apalazador?
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Sou o Promotor Público.
Chegou
um gaiato:
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Galvão, tem quantas pessoas na minha frente?
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Só o cidadão aqui.
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Negro não é gente! Todo negro me deve um cruzado – disse o pernóstico.
Quando
findou de fazer a barba, o Promotor levantou-se calmamente e jogou uma prata no
chão.
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Pegue a moeda e me dê o troco.
O
cara sem entender.
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Você disse que todo negro lhe deve um cruzado, então tire o troco.
O
cara tentou se desculpar, mas para seu azar ia passando um soldado de polícia.
Chamado pelo Promotor, o soldado conduziu o otário pra cadeia, por desacato à
autoridade. E olhe que naquela época não se falava em lei contra o racismo.
Outra
de Timbaúba. Uma dona rica de Itabaiana foi para Paris e voltou exibindo com a
empáfia dos novos ricos um sapato super chique que comprou numa loja de luxo na
capital da França. Coisa refinada, artigo de grife vindo do primeiro mundo,
custou uma fortuna. Até que, pelo uso, o selo da loja ficou gasto e, por baixo,
apareceu a marca: “Made in Timbaúba – Brazil”.
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