segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Nada como incentivo para o povo se empoderar e levantar voo

As meninas cirandeiras de João Pessoa querem fazer oficina no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar

É natural que assim seja. Um certo dia, o rapazinho drogado descobriu o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, deixou a droga para se dedicar à música. A dona de casa passou a fazer voluntariado no Ponto, revelou-se uma ritmista, gostou da arte e quer mais. Quer aprender mesmo, faz oficina de percussão em João Pessoa, diz que vai passar a técnica para outras pessoas em Itabaiana. A irmã de dona Cassiana Roque participa de um grupo de moças que gostam de bater na lata, tirar som do bombo e do ganzá, e ela já se engajou, depois de ter feito oficina com o “Ganzá de Ouro”, nosso conjunto de música regional.

Chamam isso de democratização e acesso à cultura, nessas iniciativas que cruzam o Brasil de ponta a ponta. A ideia é criar meios para que o povo fale, cante, grite, desenhe seus sonhos e suas vontades, como bem disse Emir Sade no posfácio de um livro generoso que explica o que é e para que serve o Ponto de Cultura, escrito por Célio Turino, o quase inventor dessas entidades que quase revolucionaram a cultura do Brasil. Eu digo quase porque, depois que o Ministro Gilberto Gil saiu do Governo, a coisa desandou, mas isso é outra história.

Essa nova militância cultural que vai surgindo com as atividades do Ponto de Cultura é que dá fermento para que a gente prossiga. Uma coisa com base social, vindo de baixo para cima, sem burocracia nem pedantismo oficial, sem barreiras ideológicas. Certo dia, um professor achou que poderia usar o espaço do Ponto para ensinar às pessoas os segredos da matemática e da robótica. Pronto, mais uma participação militante. Lá se incentiva o poeta novo, o ator que quer desabrochar, o compositor, o cantor e outros artistas iniciantes, e tudo isso tem reflexo na produção, circulação e consumo da cultura numa cidade sem quase nenhuma opção de lazer e ambiente social sadio.

“Empoderamento”, essa palavra que está na moda se aplica bem ao que se faz naquele espaço. O povo se assumindo como “agente”.  

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