Cada um tem seu próprio ritmo de tempo. Eu, por exemplo,
ainda estou em 2013. Aliás, o tempo passa e eu não mudo nada. Isso sem mudar o
fato de que o tempo muda tudo. Entenderam? Aliás, será que existe mesmo esse
tempo? Tenho dúvidas.
Entretanto, as coisas mudam no devagar depressa do tempo. A
gente é que não percebe. Parece que foi ontem que eu cantava a musiquinha da
estrela, tão animado pra mudar essa bosta de país. Foi um dia desses, não faz
nem dez anos, eu quebrava o encanto ao ser conduzido para a prisão por
acreditar nas promessas de liberdade do sapo barbudo de que falava o velho
Leonel Brizola. Dos líricos tempos de admiração e crença nas mudanças, ficou a
verve zombeteira de alguns feito a companheira Lourdes do Mituaçu, cantando sua
versão da modinha de beira mar:
Essa ciranda
quem me deu foi Lula
que me deixou fula
pela empulhação.
As coisas mudam, não significa que melhorem. Tudo é relativo
e depende de você. Nesse começo de ano, voltei a ler a poesia de Sergio
Mendonça:
Tu és a tua estrada.
E tens o tamanho exato
da tua própria vontade.
Depois, apanho em cheio o verso de Bráulio Tavares:
A vida canta. A vida luta e tenta
Ser razão de si mesma e seus cuidados.
Basta abraçar alguém de olhos fechados
E de repente o mundo é mais real.
Certo dia... surpresa! Olha o Natal,
Este rito plangente de emboscada.
A vida, a força mais temida e amada,
A única que temos... Então vinde,
Companheiros, e a todos ergo um brinde
Sob esse céu parado em movimento...
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