Entra ano e sai ano, o palhaço Estrelinha está lá no
contorno do Geisel, em frente ao Amigão, com suas velhas piadas, sua flautinha
e seus bordões simpáticos, pedindo uma ajudinha.
Diz Humberto de Almeida sobre Estrelinha: “O palhaço, infelizmente, vai continuar nesse ano que se inicia fazendo
as palhaçadas que este homem sério é incapaz de fazer. Não é vergonha, podem
crer, mas a sua – minha - falta de capacidade para ser um palhaço verdadeiro.
Nem falso, mesmo querendo, não consigo. Nem falso.”
Estrelinha certo dia deu
entrevista para o jornal “Olhos abertos”, da Rádio Comunitária Zumbi dos
Palmares. Disse que mora no Varjão, viaja todos os dias de bicicleta para
assumir o posto de palhaço na estrada, sustenta a família com os trocados que
recebe dos motoristas. Sua mágoa: ensinou a arte a um rapaz que foi fazer praça
perto do seu ponto. “É pedir esmola pra dois”, queixa-se Estrelinha.
Discordo do meu cronista
predileto, Humberto de Almeida. Acho que, felizmente, Estrelinha vai continuar
em 2014 fazendo suas palhaçadas. Ouçamos o poeta Sérgio Mendonça: “Quem me dera
ser um louco palhaço para sorrir com os dentes da minha alma.”
Vou levar esse palhaço pra dar
entrevista no programa “Alô comunidade”. Ele desperta o homem moleque que se
esconde em cada ser que passa naquele trecho. E a mulher também. Pelo circo e
pelo pão, viva o palhaço na rua, viva o artista de rua com sua liberdade
ousada, com sua simples e pura mania de viver fazendo gracejos, dando a falsa
impressão de que vive de graça.
--- Eu sou baiano, mas aprendi a
falar paraibano. Baiano, tu sabe como é, tudo sabido. Cheguei aqui na Paraíba,
fui logo aprendendo o paraibanês --- disse Estrelinha na entrevista do
jornaleco.
Fiz até um poeminha:
A estrada segue seu rumo
O palhaço segue a estrada
A fome rege o palhaço
Com a beleza do seu talhe
E a tristeza do seu riso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário