Fui procurar um médico porque estava
sentindo uma pontada no coração, urticária, dores nas articulações, arroto
choco, gases nobres, bucho grande e o pinto, outrora point movimentado, transformado em um “arquivo morto”. Diante desse
meu estado lastimável, qualquer doutor daria prioridade para atendimento. Mas,
e sempre tem um porém nessa terra de ninguém, mandaram o quase defunto voltar
depois de alguns dias, se por acaso não pegar descendo para as profundezas
dessa terra brasilis.
Voltei. A doutora, com o maior
descaramento, perguntou se eu ainda botava a mão e outros instrumentos pra
valer num objeto direto e intransitivo. Ou seja: se eu ainda andava atrás de
uma perereca. Fiz ver à curandeira vestida de branco que sim, que atualmente
ando atrás do livro “Grandes mulheres que eu não comi, entre elas minha mãe, as
que sim, e as que ainda comerei”, do escritor Palmério Dória, obra que ostenta
em sua capa o retrato de uma vistosa perereca dos rios do Pará, terra natal
desse ilustre canalha.
No fim, a doutora fez um teste para
saber o que me provoca alergia. Fiquei com cara de jumento sem mãe contemplando
a esfinge quando soube que quase tudo o que eu consumo esculhamba geral meu
sistema imunológico. Essa coceira e vermelhidão vem do leite, carne, ovos,
verduras, frutas e tudo o mais digerível. Só não sou alérgico a macaxeira,
clara de ovo, carne de porco, uva e chá mate. Abacaxi, ainda posso comer uma
rodelinha. Sim, e perereca só ao molho, pra sorver o caldinho, porque “quem não
come bebe o caldo”, conforme costuma dizer meu compadre Geraldo Caranguejo.
Portanto, estou em pleno regime,
sonhando com feijão, bife e doces no almoço, no jantar e na merenda. Ontem
mesmo saboreei um chá mate com uva e clara de ovo. Quase tive uma congestão,
mas não tive sequelas. Hoje, pensando em comer abacaxi com macaxeira, sempre
tomando a providência de utilidade pública de evitar arrotos e bufas que os
doutores chamam flatos. Quem digere uma porcaria dessas pode causar poluição
interessante e comprometer a camada de ozônio.
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