A feira continua rendendo produção cultural.
Depois do lançamento do meu folheto a quatro mãos, “A peleja de Sander Lee com
Fábio Mozart na feira de Itabaiana”, surge o CD “Som da feira”, do Arnaud Neto,
que se queixa de que é neto do meu pai Arnaud e filho meu.
O CD é composto de 10 cantigas nordestinas, aliás,
nove. A outra é Ave Maria de um cabra chamado Johann Sebastian Bach, com a voz
de Arnaud Neto e solos do seu saxofone tenor já famoso na praia do Jacaré em
Cabedelo, onde toca o Bolero de Ravel diariamente, ao cair das tardes.
Som da Feira é um produto fora do mercado, com
uma tiragem pequena, só para os fãs do músico. Quem quiser um exemplar, pode me
pedir pelo e-mail mozartpe@gmail.com
Uma enxurrada de
CDs de músicos da terra estão disponíveis nas prateleiras das lojas
especializadas, as raras que ainda insistem em permanecer na praça. Os caras
disputam o mercado com as bandas picaretas do forró de plástico e os pagodes da
vida. Claro que, sem trabalho de divulgação e sem uma produção decente, ótimos
trabalhos ficam ignorados pelo público. No rádio, só toca se pagar jabá,
caríssimo.
O público de Arnaud
Neto é muito específico: os turistas que assistem seu show todas as tardes nos
bares do Jacaré e em outros eventos. Os CDs dele não encalham na prateleira
porque não existe prateleira para eles. São vendidos para os gringos
principalmente, que vêm curtir nossas belezas e acabam esbarrando nos nossos
talentos. O disco vende quando se passa o chapéu, em bares e outros locais
públicos como os ambientes de feira. Por isso o nome, “Som de feira”. No
contrabaixo, outro garoto de minha prole, o Maximilien Mozart, também músico
profissional.
Não é por carregar
meu DNA, mas Arnaud Neto é um músico completo. Toca sax tenor, soprano e alto.
Toca flauta, cavaquinho, violão, teclado e percussão. Vive profissionalmente de
música. Não vive bem, porque não basta ter talento. O mercado é restrito e
cruel. Toca-se uma noite inteira por um cachê ridículo. É preciso ser
apaixonado pelo som, ter sensibilidade e disciplina.
O sonho dele é sair
do Brasil, tocar nas ruas das grandes cidades dos Estados Unidos. Ganha em
dólar, muito mais do que se ganha aqui em ambientes luxuosos de casas de
recepção onde os músicos entram pela porta de serviço e são tratados como os
garçons, com todo respeito que merece o garçom.
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