(Foto: Jacy Mendes) |
Lembro de
sua vendinha chamada “Compre bem”, uma bodega no antigo mercado público de
Itabaiana, que não deu certo porque ele vendia tudo fiado aos amigos e não
recebia.
Lembro de
outra tentativa de pai ganhar a vida, vendendo cereais na feira de Itabaiana.
Eu e meu irmão acordávamos de madrugada para “botar” o banco. Pelas mesmas
razões, o negócio não prosperou. Meu pai nasceu pra dividir, não pra somar
patrimônio.
Lembro
quando ele advogava sem receber nada, mesmo porque os constituintes
nada tinham de seu, apenas o infortúnio de ser pobres e desvalidos.
Lembro do
seu amor pelo União Esporte Clube e pela Escola de Samba Imperadores do Ritmo,
e da veneração pelo seu Santa Cruz.
Lembro do
seu desvelo pelos filhos e do grande orgulho por não ter procriado nenhum
malfeitor, tirânico ou pervertido.
Lembro
das partidas de dominó, das cervejas com os amigos, do amor pela ciência do
Direito.
Lembro do
Escritório de Advocacia Sobral Pinto, onde ele recebeu um dia o sanfoneiro Luiz
Gonzaga, que soltou a frase ainda hoje lembrada: “Dr. Arnaud Costa, no dia em
que eu for preso, você será meu advogado. Não tem defensor melhor: de graça,
com graça e competente!”.
Lembro de
tantas coisas...
Meu pai
foi assim uma espécie de padrinho dos excluídos, dos descamisados, dos sem
destino.
Feliz
aniversário, “mestre Arnaud das minudências”, como diria Marcos William de
Oliveira, seu ex-pupilo e hoje Juiz de Direito na capital da Paraíba do Norte.
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