Campanha de recuperação moral
Quando a corrupção vai se apoderando de uma cidade e
as autoridades fecham seus olhos, é preciso que alguém grite bem alto e forte
para que eles acordem e tomem as devidas providências. É através deste jornal
que damos esse grito tão desejado e apoiado pelas famílias de Itabaiana. O
grito é: “campanha de recuperação moral”.
Itabaiana cada dia aumenta seu nível de corrupção,
de desmoralização e de vícios. Vocês jogadores, nesse caso, têm o mínimo de
culpa. São homens frustrados, que não têm crédito e seu único ideal é tomar o dinheiro
do próximo, por meios impudicos, sujos, imorais: o jogo de azar. Vocês só
penetram quando as autoridades fecham seus olhos diante da corrupção, da
desmoralização e dos vícios, fazendo com que os habitantes cheguem a pensar por
quanto se venderam. Pensam isso quando a Justiça está tardando. Hoje, em todos
os recantos de Itabaiana, funciona todo tipo de jogos que possamos imaginar.
Dizemos e podemos provar, através do senhor Coletor Estadual que a qualquer
hora está pronto a fornecer certidões como já fecharam cinco casas comerciais e
em muitas delas funcionam antros de jogatina. Na Avenida José Silveira, no já
tão conhecido e frequentado “Bar e Rombol Teve Jeito” e no Bar e Restaurante 13
de Maio, que deixaram de exercer suas funções de bar e restaurante para dar
lugar a jogos que por lei são proibidos. Vizinho a essas casas de tavolagem,
moram famílias e não é só pelo fato de morar famílias que apelamos para as
comodistas autoridades de nossa cidade, e sim que, por lei, constitui
contravenção penal.
Todas as noites, em frente dessas casas de jogo,
ouço quando a voz do “mascote” chama as pedras do “rombol”: vinte e nove,
sessenta e um, trinta e cinco, sessenta e nove, vinte e quatro etc. De vez em
quando um dos viciados solta uma pornografia, na ânsia de bater o cartão. E as
autoridades? Na nossa cidade, as autoridades são “pano de boca”. O
Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito, Mário de Moura Rezende, é um comodista.
Dá-se ao prazer de receber seus vencimentos e deixa as águas rolarem. O
digníssimo Promotor, Dr. José Francisco, esse puritano professor, leva a vida
do Ginásio à Igreja, ouvindo as pregações conformistas do padre, esquecendo-se
de que é promotor público e que na cidade o jogo impera. E o delegado? Ah! O
velho capitão é um sonhador. Vive a esperar que seus superiores mandem começar
a reprimir o jogo.
Famílias itabaianenses, o grito foi dado. Doa em
quem doer, mas a verdade é dura de ser aceita. Enquanto o “Evolução” circular,
não deixará de lutar pela moral, pela fraternidade e pelo bem comum. Acho que
desta vez as digníssimas autoridades tomarão definitivamente as providências
contra o jogo. Portanto, senhores Juiz, Promotor e delegado, acordem que já
dormiram muito.
(Francisco Almeida – Jornal EVOLUÇÃO - 1965)
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