Mote: Querem rasgar a memória / De Zé Lins, o escritor
No banco que foi do mestre
Tem memória incrustada
A carteira bem lustrada
Escondendo um ar campestre
E o saber que a investe
Tem seu dote e seu valor
Tem cor, brilho, tem olor
E dá o tom da história
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Eu aqui vou reclamar
Desse ato tão insano
Que escapa a qualquer plano
É ilógico estudar
Quem deseja derrubar
Com força, com desamor
Um espaço de valor
Com destinação inglória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Se eu fosse o responsável
Por este prédio bacana
Não trocava por banana
Um lugar tão agradável
Eu seria razoável
Em atenção ao valor
Daria trato e amor
Para burilar a história
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Josafá de Orós
Li Menino de Engenho
Do escritor de Pilar
Conhecido além-mar,
Pois escreveu com empenho
Defendê-lo hoje venho
Porque sei que tem valor
Escreveu com resplendor
Viveu momentos de glória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Um ícone da literatura
Escreveu o ciclo da cana;
Estudou em Itabaiana;
Era homem de cultura
Viveu a magistratura
Foi famoso escritor
Do engenho corredor
Seguiu outra trajetória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Foi um grande romancista
O neto de seu Paulino
Um orgulho nordestino
Ponho em primeiro na lista
Escritor regionalista
E grande pesquisador
Merece respeito e amor
Porque ele tem história
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Pádua Gomes Gorrion
No céu que cobre Pilar
Nasceu uma grande estrela
Iluminando a janela
Da cultura no lugar
Do Rego, do rio ao mar
Nos legou grande valor
Mostrando a todo vapor
Os relatos da história
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Escreveu com muito empenho
Sapiência e sutileza
A vida e a natureza
Do Menino de Engenho
Fazendo quase um desenho
Do Engenho Corredor
Deu muitas lições de amor
Sem precisar palmatória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Na cidade Itabaiana
Estudou nos verdes anos
Aprendeu traçar os planos
Em meio ao ciclo da cana
Sua escrita é soberana
Nos romances de valor
Riacho Doce é amor
Usina e Pureza é glória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Seus romances formam um rio
Nos maiores aguaceiros
Ao escrever Cangaceiros
Água-mãe num desafio
O Fogo morto é sombrio
Eurídice o drama e a dor
Totonha é um esplendor
No contar da sua História
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Esse tema desafia
E põe a cultura em xeque
Mais eu vou abrir o leque
Conclamando a Academia
Como escudo de água fria
No vulcão devorador
A defender esse autor
Na certeza da vitória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Nasceu uma grande estrela
Iluminando a janela
Da cultura no lugar
Do Rego, do rio ao mar
Nos legou grande valor
Mostrando a todo vapor
Os relatos da história
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Escreveu com muito empenho
Sapiência e sutileza
A vida e a natureza
Do Menino de Engenho
Fazendo quase um desenho
Do Engenho Corredor
Deu muitas lições de amor
Sem precisar palmatória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Na cidade Itabaiana
Estudou nos verdes anos
Aprendeu traçar os planos
Em meio ao ciclo da cana
Sua escrita é soberana
Nos romances de valor
Riacho Doce é amor
Usina e Pureza é glória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Seus romances formam um rio
Nos maiores aguaceiros
Ao escrever Cangaceiros
Água-mãe num desafio
O Fogo morto é sombrio
Eurídice o drama e a dor
Totonha é um esplendor
No contar da sua História
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Esse tema desafia
E põe a cultura em xeque
Mais eu vou abrir o leque
Conclamando a Academia
Como escudo de água fria
No vulcão devorador
A defender esse autor
Na certeza da vitória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Thiago Alves
Como filho do Pilar,
Da terra de Lins do Rego,
Desfrutando de aconchego
Hoje aqui neste lugar,
Eu não posso me calar
Diante deste clamor,
Vendo tanto desamor
Por quem marcou a história,
Querem rasgar a memória
De Zé Lins, o escritor!
O Instituto onde estudou,
Do Professor Maciel,
Hoje está um escarcéu,
Parte já se derrubou!
O pouco que lhe restou
Espreita o demolidor
Pra seu “progresso” interpor,
Mas tudo isso é vanglória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins, o escritor!
O prédio que foi cenário
De seu romance Doidinho,
Em outro Estado vizinho
Seria um gran relicário;
Mas aqui se vê o contrário,
Querem negar seu valor,
Passar por cima o trator,
Como se fosse uma escória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins, o escritor!
Antonio Costta
Eu estou acabrunhado
Com notícia tão tirana
Que na nossa Itabaiana
Ta quase tudo acabado
É a foice e o machado
Derrubando muro e flor
Até a santa no andor
Ta pedindo precatória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins, o escritor.
No antigo Instituto
Do professor Maciel
Formava-se o bacharel
E o poeta impoluto
Sendo assim eu repercuto
Esse atentando, um horror!
É muita falta de amor
Essa ação predatória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor
Já derrubaram sem pena
A casa de Marieta
Uma prefeita cruzeta
Foi autora dessa cena
Uma questão obscena
Demonstrando o despudor
Temos pouco defensor
Para ação conservatória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins, o escritor.
F. Mozart
Pensando
sobre esse mundo
Queria ser estrangeiro
E não ser mais brasileiro
Sem desgosto tão profundo
De outra nação oriundo
De história conhecedor
Pra não viver essa dor
Contra ação tão vexatória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor
Digo isso com tristeza
Pois eu amo minha terra
Mas se fosse na Inglaterra
Em Paris ou em Veneza
Onde a arte é riqueza
Para um povo que é leitor
Louvado seria esse autor
Conhecida sua glória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor
A esse eterno menino
Lá do engenho corredor
De romance um contador
Com seu sangue nordestino
De estilo repentino
De Pilar um descritor
Lutarei por seu valor
Pra lembrar sua trajetória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Queria ser estrangeiro
E não ser mais brasileiro
Sem desgosto tão profundo
De outra nação oriundo
De história conhecedor
Pra não viver essa dor
Contra ação tão vexatória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor
Digo isso com tristeza
Pois eu amo minha terra
Mas se fosse na Inglaterra
Em Paris ou em Veneza
Onde a arte é riqueza
Para um povo que é leitor
Louvado seria esse autor
Conhecida sua glória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor
A esse eterno menino
Lá do engenho corredor
De romance um contador
Com seu sangue nordestino
De estilo repentino
De Pilar um descritor
Lutarei por seu valor
Pra lembrar sua trajetória
Querem rasgar a memória
De Zé Lins o escritor.
Renaly Oliveira
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