Sangue novo na imprensa matuta

Fui entrevistado por um estudante de jornalismo de Itabaiana, no gabinete de um vereador, nesta terça-feira, 14, em Itabaiana. Leonardo Santos marcou comigo para a gente se encontrar na calçada da Câmara. Cheguei na hora certa, ele já estava lá. A porta da Câmara aberta, entramos. Uma sala desobstruída, emburacamos. Uma mesa e duas cadeiras, sentamos e teve início a entrevista, depois do repórter novato ligar seu celular/gravador.

De vez em quando entrava um popular, que é como se chama esse povaréu arraia-miúda que costuma esvoaçar em torno de gabinetes de políticos em busca de algum toco, uma passagem, um real pra cachaça, esses módicos auxílios que fazem parte do assistencialismo politiqueiro. Na ausência do vereador, o eleitor pidão se contenta com um cafezinho. No meio da conversa, entrou meu compadre ator transformista Manoelzinho, com seu jeito delicado de falar do passado no nosso teatrinho Nautília Mendonça e do grupo de teatro.

O repórter mostrou-se esclarecido e perspicaz. Quis saber de minhas lutas, minhas broncas e meus sonhos. No fim, ficou de estudar meu convite para fazer parte do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar como voluntário. Bom saber que tem gente assim por aqui. Nesse processo todo de décadas e décadas de desconstrução educacional, a inventividade e o talento superam em algum momento os bloqueios. Existem portas abertas nesses momentos/acidentes. E não é só na Câmara. Aos sessenta anos, quarenta de dedicação à cultura, vejo como muito significativo encontrar um jovem talentoso procurando seu espaço no mundo e interagindo com sua aldeia. Esse rapaz fez passar o filme de minha trajetória, as cenas ruins, as passagens bacanas. Sabe perguntar e ouvir. Tem o ritmo do bom repórter. Essa lucidez a gente reconhece de cara.

A melhor notícia é que iremos relançar o jornal “Evolução”, criado em 1964 em Itabaiana pelo estudante e agitador Chico Veneno. Tem um espaço reservado para esse futuro jornalista itabaianense, Leonardo Santos. Estamos necessitando de uma mídia alternativa independente, sem muito conflito de interesse entre os setores públicos e o jornalismo que se tenta fazer por aqui, principalmente na blogosfera e no rádio.