O velho Leão rindo à toa com o presente que acaba
de ganhar. Um violino para o Núcleo de Música do Ponto de Cultura Cantiga de
Ninar, de Itabaiana. Nessa vida atroz e dura, a gente só tem alegria quando
vislumbra a possibilidade de dar alegria a alguém. Eu penso no prazer da
criança que irá aprender a magia da música neste instrumento.
Não queremos glória. Aos felizes, basta o prazer de
doar um pouco de sua vida à comunidade. Os desgraçados que procurem a glória.
Nosso projeto de disseminação da cultura vive assim
da ajuda das pessoas solidárias. Às vezes penso que isso de viver na corda
bamba, sofrendo os rigores da escassez de recurso, é uma coisa boa para o
criador, para o artista. Segundo Romain Rolland, o rico não pode ser grande
artista, porque precisaria mil vezes mais gênio do que se vivesse em condições
desfavoráveis. Deduzo que a pobreza é o caldo de cultura da produção artística,
mesmo porque o homem só cria diante da necessidade.
O doador do violino é um músico, um predestinado
para essa arte, que vem a ser meu filho mais novo, Maximilien Robespierre
Mozart.
Entre você também nesse círculo de luz da
solidariedade, doando violões, encordoamento, cadernos de música, estantes e
outros instrumentos. Pode também se oferecer para pagar um mês de energia, ou
ajudar no custeio de viagem dos nossos voluntários. Agora mesmo estamos
começando oficina de teatro e curso de espanhol. O teatro é com o mestre Luiz
Carlos Cândido, e espanhol vai ser ensinado pelo professor Normando Reis. Um
mora em João Pessoa, o outro em São José dos Ramos. Necessitam de passagem e
estada, dois dias por semana. Não temos nenhum recurso, só dependemos da boa
vontade dos amigos. E tudo transparente. Prestamos contas em nosso blog: www.pccn.wordpress.com
Oxalá, o menino ou menina que vier a ferir as cordas deste violino,
lance acordes de paz e fraternidade pela caixa de ressonância, e através dele
venha a encaminhar sua vida para o bem de sua gente e para a beleza da arte.
Por enquanto, nosso violino quer chamar sua atenção para o compasso da solidariedade,
quebrando um pouco a dinâmica estonteante do egocentrismo que se vê hoje em
dia.
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