quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Fragmentos de Décio Pignatari


Estou lendo Podbre Brasil, de Décio Pgnatari, crônicas que ele publicou no jornal Folha de São Paulo, de 1983 a 1987. Foi a época da morte de Tancredo Neves, assumiu José Sarney, e as safadezas de sempre, com as chamadas elites dirigentes mais interessadas em ocupar os espaços do poder do que promover mudanças, como se nota tristemente até hoje, mesmo depois de dez anos de comando do um partido que se dizia dos trabalhadores.

Anotei algumas frases.

·        Militares criaram o Mobral, que não só não alfabetizou ninguém, como ainda contribuiu com o aumento do analfabetismo no Brasil.

·        Getúlio Vargas foi um militar à paisana.

·        O Imperador D. Pedro não foi muito cortes quando disse: “as mulheres são iguais às éguas, só se conhece depois de montadas.”

·        Contra todas as evidências dos fatos, os marqueteiros querem transformar diabos em anjos.

·        As forças desarmadas do povo geralmente só têm um único tiro: o voto. Sempre atiram a esmo, até uns contra os outros.

·        O vídeo clip é a primeira poética da televisão.

·        Na velha história do lobo e do cordeiro, é inútil tentar argumentar com o lobo. Mas vale contar com a proteção de bons caçadores.

·        A casta militar, profissionais da morte, é improdutiva; só gasta. A casta sacerdotal, profissionais da pós-morte, também. Só os trabalhadores produzem riqueza.

·        A Coca-Cola fornece o doente e a indústria farmacêutica fatura em cima. Tudo estrangeiro.

·        Antigamente, a gente sabia fazer um sanduíche de bife ou salame. Hoje, parece que ninguém tem mão. É preciso que os americanos façam isso para nós nos McDonald, a preço de ouro.

·        Deputado estadual candidato a deputado federal é um trombadinha em evolução para trombadão.

·        A Igreja Católica ainda é a mais antiga e principal multinacional atuante no Brasil.

·        Essa gente empresarial e banqueiral que está no Planalto e no Congresso simplesmente não sabe o que fazer.

·        O Brasil tem 6 milhões de leis. Advogados não sabem quais as leis em vigor e quais as que foram revogadas. Se soubesse, dariam um jeito de burlar a maioria.


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