A
Barata está fora da ordem
Recentemente,
enviei para a jornalista Edileide Vilaça um roteiro de programa para sua rádio
web Porto do Capim. O programa era a Barata no Ar, proposta meio anarquista de
humor e informação, dentro do conceito do que entendemos como comunicação
popular, sem ser popularesca.
Nossa
Barata está fora da ordem, posto que é um programa fora do eixo da comunicação
vigente, autoritária e antipopular, sob o controle do interesse do grande
capital, da ordem dominante no país. Compreendo que a rádio comunitária ou
rádio livre deve estar fora da ordem em todos os sentidos. Uma rádio fora dos
limites da ordem econômica, jurídica política e cultural estabelecida. Sem esse
posicionamento, é apenas imitação pobre dos canais dominantes.
Para
ser contra a ordem estabelecida, a comunicação tem que ser diferente, inventiva,
transgressora. A isso se propõe a Rádio Barata. Caberia numa rádio web feita
por um coletivo comunitário? A Rádio barata quer deslegitimizar, negar essa
ordem vigente que transforma a comunicação em um instrumento de dominação.
Queremos estar incursos no decreto da ditadura militar que manda prender e
arrebentar quem fizer rádio livre, legislação autoritária que até hoje está
vigente, depois de cinquenta anos do golpe dos fardados a mando do grande
capital transnacional.
Não
conheço nenhuma rádio comunitária que seja mesmo transgressora, além dos
limites técnicos de uma frequência não autorizada. Uma rádio web tem excelente
oportunidade de ser uma comunicação realmente popular, porque depende
pouquíssimo de recursos que vêm do próprio sistema. Não precisam de anúncios
publicitários para sobreviver, por exemplo. Não têm que pedir autorização a
ninguém para estar no ar. A produção é básico na comunicação. Quem controla a
produção, controla o conteúdo. Quem
detém os meios de produção, impõe seu caráter conservador e autoritário. A
pequena rádio comunitária do interior não pode falar do caos no trânsito da
cidadezinha desorganizada, por exemplo, porque os comerciantes anunciam na
emissora e não gostariam de afastar seus clientes dos pontos comerciais com um
necessário ordenamento do trânsito, conforme entendem, dentro de suas estreitas
visões de mundo. Isso eu ouvi numa rádio comunitária do interior da Paraíba,
acreditem!
Esta
é a grande questão na luta pela democratização dos meios de informação:
enquanto não democratizarmos a propriedade e a apropriação dos meios de
comunicação de massa, não teremos uma ordem democrática da comunicação.
Enquanto isso, o grupo dominante impõe seu mundo.
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