Uma
visão de fora sobre a realidade itabaianense
Dalmo Oliveira |
Na noite da sexta, 20, a sociedade itabaianense
viveu mais um momento de júbilo e glória com a festa em comemoração aos dez
anos de funcionamento do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, mantido sob os
auspícios da Sociedade Cultural Rainha do Vale. O evento atraiu de volta à
cidade personalidades importantes, filhos naturais de Itabaiana, ou pessoas que
tiveram suas vidas profissionais vinculadas à terra de Zé da Luz, Sivuca e
Jessier Quirino.
O fato é que, o Ponto de Cultura, comandado por Fábio Mozart, completa
uma década de resistência cultural, numa cidade que, parece, esqueceu-se de si
mesma. Lendo o livro do professor Palhano, “Itabayanna – entre fatos e fotos”,
dá para perceber que houve um momento na história que Itabaiana teve tudo para
ter se tornado a segunda maior cidade paraibana, suplantando até a Rainha da
Borborema: recebeu infraestrutura como energia elétrica e estrada de ferro bem
antes que outras cidades interioranas; desenvolveu comércio e serviços atípico
para as províncias da época; possui uma elite antenada, letrada, culta e
vanguardista. Então se pergunta: porque Itabaiana estancou?
Minha suspeita é porque a elite itabaianense não incluiu o povo em seus
planos de futuro. Não planejou a cidade para evoluir, como fez Campina. Pensou
pequeno. Se conformou com o título de estância de refúgio para pneumáticos e
tuberculosos. Negou a participação popular. Silenciou a cultura negra e
indígena. Exportou seus filhos para fora da Paraíba e do Brasil. Não investiu
na criação de polo universitário. O resultado foi a derrocada do comércio e dos
negócios. A fuga de investidores capitalistas e de talentos em todas as áreas.
Não fosse o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, Itabaiana estaria vivendo
apenas do seu passado cultural glorioso.
por Dalmo Oliveira
(Jornalista, radialista e blogueiro)
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