O poeta
Jessier Quirino esteve no lançamento do meu livro Artistas de Itabaiana, onde me deu de presente seu último livro, “Papel
de bodega”. “Ao amigo Fábio Mozart, um abraço forte e seguro feito ostra em pé
de ponte”, escreveu ele na dedicatória.
Na folha
de rosto do excelente livro de Jessier, já vem o humor do poeta:
É melhor
ser meio doido do que ser meio tantã
Qualquer dor
de madrugada dói bem mais que de manhã
Don Juan
era gostoso, mas bem menos que o Tarzan.
Irmã
Dulce é bem mais alta do que Claudia Cardinale
Um bafejo
na urêia esquenta mais que um xale
Charles Chaplin
é mais artista do que 200 Woody Alen.
E como
hoje é domingo, vai o poema “Carrossel na chuva”, do mestre Jessier, de quem
Rolando Boldrin falou: “é um poeta inigualável”.
Carrossel na chuva
Seria pura
alegria
Um domingo
de recreio
Camisa nova
de malha.
Viagens,
lendas, batalhas,
Epopeia aventurosa
Num cavalo
de aluguel.
Mas nem música nem zuada
Nem maçã
caramelada
Nem pipoqueiro
ou floreio
Nem bombom
no tabuleiro
Nem ingressos,
nem sucessos
Nem pirulitos
de mel...
Foi domingo
acinzentado
Sonolento
e anuviado
E choveu
no carrossel.
Não
campeei pelo mundo
Não me
amostrei pra Maria
Não me
esbaldei na alegria
Não sorri
com dente novo
Não fanfarrei
com o povo
Não vi o
povo girar.
Não conheci
Panamá
Nem guerra
do Paraguai
Não acenei
pra mamãe
Nem dei
adeus a papai
Não persegui
samurais
Não me
alistei num quartel.
Foi domingo
acinzentado
Sonolento
e anuviado
E choveu
no carrossel.
Já fui
rei, já fui monarca
Fui campeão
de rodeio
Já fui os
Três Mosqueteiros
Já fui
caubói bom de laço
Já fui
lanceiro de aço
Fui São
Jorge lá do céu.
Mas
domingo foi nublado
Sonolento
anuviado
E choveu
no carrossel.
Se essa
chuva...
Se essa
chuva fosse minha!
Eu mandava,
eu mandava neblinar
Com neblinas,
com neblinas de lembranças
Para o
meu carrossel rodopiar.
Lindo poema do mestre Jessiê Quirino! Muito fã mesmo! Parabéns poeta!
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